JBS segue “lavando bois”, contrariando sua política antidesmatamento

27 de julho de 2020

Uma investigação conjunta da Repórter Brasil, do The Bureau of Investigative Journalism (TBIJ) e do jornal britânico The Guardian encontrou evidências de que a JBS teria transportado gado de uma fazenda no Mato Grosso que tem multas acumuladas de mais de R$ 2 milhões por desmatamento ilegal para uma propriedade “ficha limpa”, do mesmo dono. A descoberta contraria o compromisso da empresa, firmado há mais de dez anos, de erradicar o desmatamento de sua cadeia de fornecimento.

De acordo com a reportagem, caminhões da JBS foram utilizados para transportar animais entre propriedades ligadas à família Rodrigues da Cunha. O gado criado na fazenda irregular foi transportado para uma fazenda sem pendências judiciais relacionadas a desmatamento, de onde depois foi mandado para frigoríficos da JBS.

No mês passado, destacamos aqui a descoberta de um esquema similar em propriedades rurais localizadas dentro do Parque Estadual da Serra Ricardo Franco, também no MT. Da mesma forma, o gado criado nessas áreas desmatadas ilegalmente foi transferido depois para outra fazenda sem irregularidades antes de ir para o abatedouro, em um processo de “lavagem de gado”. Assim, carne bovina associada ao desmatamento acabou sendo vendida por empresas como JBS, Marfrig e Minerva como carne “limpa”, sem conexão com atividades criminosas.

Em tempo: O novo esquema anunciado pela Marfrig na semana passada para monitorar a origem da carne bovina produzida no Brasil e comercializada pela empresa dividiu opiniões. A empresa se comprometeu a rastrear a origem de 100% do gado que compra na Amazônia até 2025, tanto de fornecedores diretos como também de indiretos, como modo de zerar o desmatamento em suas cadeias produtivas na Amazônia. Até 2030, a Marfrig quer aplicar as mesmas ferramentas para o gado adquirido no Cerrado. O Valor deu destaque à algumas organizações da sociedade e ao Ministério Público Federal (MPF), que consideraram o anúncio como um ponto positivo para que outros frigoríficos de grande porte no Brasil também se engajem nessa agenda com mais ambição. Por outro lado, o Greenpeace vê o compromisso com ceticismo, acusando a Marfrig de já ter descumprido promessas relacionadas ao desmatamento no passado.

 

ClimaInfo, 28 de julho de 2020.

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