Mudança do clima pode prejudicar recuperação da bacia do rio Doce

rio doce

Um estudo divulgado na semana passada pelo Painel do Rio Doce, coordenado pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), afirma que as mudanças climáticas poderão dificultar o processo de recuperação do rio Doce, contaminado em 2015 pelo rompimento da Barragem do Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana (MG).

De acordo com o estudo, diversos programas que vêm sendo implantados pela Fundação Renova, com base nos termos do TAC firmado pelas autoridades federais e estaduais para recuperação da área afetada pela tragédia, estão ameaçados por conta dos efeitos da mudança do clima. Entre os programas afetados, destacam-se aqueles que tratam da retomada de atividades agrícolas e pesqueiras, da recuperação de nascentes e áreas de preservação permanente, além de conservação da diversidade biológica.

“A nossa recomendação é que representantes dos governos, do Ministério Público, do Comitê da Bacia do Rio Doce e dos atingidos levem as mudanças climáticas em consideração e passem a avaliar medidas que podem ser muito positivas para a região como iniciativas de baixo carbono e a adoção de soluções baseadas na natureza que permitem uma maior resiliência na recuperação”, explicou Christianne Maroun, especialista em mudanças climáticas e membro do Painel do Rio Doce, ao G1.

Em tempo 1: Desde a semana passada, a justiça britânica está ouvindo as partes em uma ação movida por representantes de 200 mil moradores e trabalhadores afetados pelo desastre de Mariana contra a BHP Billiton, uma das proprietárias da Samarco. Em audiência, os advogados da empresa refutaram a pertinência da ação, chamando-a de “sem sentido” e “uma perda de tempo”. Eles também afirmaram que, mesmo sem ter controle direto sobre as operações da Samarco, a BHP Billiton colaborou “voluntariamente” com os esforços de reparação. Além disso, reforçaram que a responsabilidade pela reparação é da Fundação Renova. Se a justiça do Reino Unido aceitar a ação, ela poderá resultar no maior processo indenizatório do Brasil e do Reino Unido, com valores de até 5 bilhões de libras esterlinas (mais de R$ 33,5 bilhões).

Em tempo 2: A Agência Nacional de Mineração (ANM) interditou três barragens de rejeito de oito outras nas cidades de Pontes e Lacerda, MT. De acordo com as autoridades, as instalações têm risco iminente de rompimento e não possuem planos de ação emergencial e procedimentos de monitoramento do volume de minério. As três barragens guardam 792,6 mil metros cúbicos de rejeito, sendo que a lama contém mercúrio, substância extremamente nociva ao meio ambiente e à saúde humana.

 

ClimaInfo, 27 de julho de 2020.

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