O avanço ilegal da pecuária está dificultando a vida de quem depende da Floresta Amazônica para sua subsistência e tornando ainda mais difícil o trabalho de conservação ambiental.
Na Folha, Fabiano Maisonnave e Lalo de Almeida destacam os problemas enfrentados por trabalhadores castanheiros na região da Reserva Extrativista (RESEX) Arapixi, na divisa entre os estados de Amazonas e Acre. Além da falta de informação clara sobre as delimitações da RESEX, a maior parte dos castanhais – que, junto com a banana, são a principal fonte de renda dos moradores – ficou do lado de fora da área protegida. Esses castanhais acabaram sendo incorporados ao Projeto Agroextrativista (PAE) Antimary, um status que teoricamente ofereceria proteção para atividades extrativistas sustentáveis.
No entanto, desde 2010, a grilagem tem sido um problema na região, com pecuaristas ocupando ilegalmente terrenos do PAE e desmatando em grande proporção. O processo se intensificou nos últimos meses, com o interesse do governo Bolsonaro em facilitar a regularização fundiária de áreas ocupadas ilegalmente na Amazônia.
Em tempo 1: Vale a pena ler o artigo de Mariana Mota, coordenadora de políticas públicas do Greenpeace Brasil, publicado na Folha. No texto, ela mostra como a regularização fundiária é um instrumento ineficiente para conter a devastação ambiental na Amazônia: “A regularização fundiária limitada à titulação não é só ineficaz para a redução de desmatamento e queimadas como pode estimular esses ilícitos. É preciso combinar ações, como a destinação de áreas à criação de Terras Indígenas e Unidades de Conservação para proteção de recursos naturais e biodiversidade, bem como cuidar para impedir que sejam invadidas.”
Em tempo 2: Um novo estudo constatou que a mineração de nióbio em larga escala no noroeste da Amazônia brasileira – uma bandeira de Bolsonaro desde antes de sua eleição – provavelmente causará perdas florestais significativas e ameaçará a biodiversidade. Na região, existem dois depósitos conhecidos de nióbio, um em Seis Lagos e outro em Santa Isabel do Rio Negro, ambos localizados na bacia deste rio. A área
abriga áreas gigantescas de floresta intocada e 23 grupos indígenas, inclusive Yanomami. O Mongabay deu destaque às principais conclusões da pesquisa.
ClimaInfo, 28 de julho de 2020.
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