Pauta socioambiental desperta interesse em investidores brasileiros

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A atenção negativa que o Brasil vem recebendo por seus problemas ambientais serviu de catalisador para que o mercado financeiro e o setor privado em geral voltasse suas atenções para a pauta socioambiental.

No Estadão, Mônica Scaramuzzo escreve sobre uma maior oferta de fundos voltados à sustentabilidade no mercado financeiro brasileiro, impulsionada pelo interesse crescente de investidores internacionais neste tipo de investimento. Esse setor ainda é tímido, movimenta cerca de R$ 30 bilhões, mas está ganhando mais atenção por parte de grandes instituições financeiras, como o BTG Pactual e a XP Investimentos, que se organizam para entrar neste mercado.

O jornal citou Gustavo Pires, diretor de produtos da XP, quem assinalou que o objetivo da corretora é servir como uma instituição de fomento para incentivar a integração de critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) na gestão e nos negócios das empresas. “Vamos liberar R$ 100 milhões de recursos próprios, de nossa tesouraria, para que sirvam de capital semente para que outras casas de investimento desenvolvam estratégia ESG no Brasil”. Pires afirmou também que a corretora quer incentivar a emissão de green bonds (títulos verdes).

Nessa linha, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) anunciou ontem (28/7) que prepara uma captação de cerca de US$ 100 milhões com títulos verdes, com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). De acordo com a instituição, esta será a 1ª operação do tipo do BID com um banco de desenvolvimento no Brasil. A expectativa é de que a emissão seja o primeiro passo de uma série de outras do tipo, à medida que a legislação federal ampliou recentemente o escopo de projetos que podem se credenciar a receber recursos de títulos verdes, incluindo projeto de infraestrutura, desenvolvimento econômico e pesquisa.

Já a Exame destacou o caso da Agrotools, uma empresa de tecnologia que atua na digitalização do processo de produção agrícola no Brasil. Mesmo com a pandemia, a startup conseguiu crescer 60% no 2º trimestre de 2020 em relação ao mesmo período no ano passado, resultado impulsionado principalmente pela preocupação crescente de produtores rurais com a sustentabilidade.

No entanto, o copo da sustentabilidade no Brasil ainda não está cheio. Como bem destacou Sonia Favaretto em sua coluna no Valor Investe, mesmo com os novos aliados adquiridos nos últimos tempos e os efeitos da pandemia, a perspectiva de uma virada verde ainda é incerta – especialmente porque essa agenda já se desenrola no país, sob muito esforço e custo, há bastante tempo. “Há que se manter atento, vigilante e atuante. Nunca há garantia até que de fato os avanços se implementem. Mas há também que se aplaudir e comemorar”, escreveu Favaretto.

 

ClimaInfo, 29 de julho de 2020.

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