Mineração na Amazônia “não será uma nova Serra Pelada”, diz Salles

30 de julho de 2020

O ministro Ricardo Salles voltou à ofensiva. Em entrevista ao CB.Poder, parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília, Salles refutou as críticas de investidores e empresários do Brasil e do exterior à política ambiental. Ele também defendeu a regularização da mineração na Amazônia como uma saída para conservar a floresta – a despeito de todos os impactos ambientais que essa atividade pode causar ao meio ambiente.

“Você [Amazônia] tem reservas gigantescas de ouro, diamante, nióbio, manganês, cassiterita, e nós vamos continuar fingindo que não tem essa discussão?”, disse Salles. “Vários dos países que nos criticam fazem mineração em áreas sensíveis do seu território, como a Noruega, que explora petróleo em pleno mar do norte”.

Salles também rejeitou que a intensificação da atividade mineradora possa transformar a Amazônia em uma “Serra Pelada”. “Temos parâmetros muito mais rigorosos que devem ser seguidos. Veja o exemplo da floresta de Carajás, no Pará — onde a Vale tem sua reserva de minério e explora. A área de floresta é uma das mais bem preservadas da Amazônia, porque a Vale cuida”.

Os ambientalistas, alvo frequente dos ataques de Salles, voltaram à baila. Para Salles, é “inconcebível” ter organizações brasileiras indo ao exterior para destacar os problemas ambientais do país. “O certo seria conversar e resolver o problema aqui”, disse, ignorando que o governo fechou diversos comitês e conselhos ambientais consultivos e restringiu o acesso de organizações da sociedade civil aos colegiados que sobreviveram ou que foram recriados. Como “resolver o problema aqui” quando não existe interesse em dialogar?

Em tempo 1: A concepção de “sucesso” de Salles é peculiar. Mesmo como o aumento acentuado da destruição nos últimos meses, o ministro divulgou um balanço dos resultados das metas institucionais do Ibama no combate ao desmatamento de junho de 2019 e maio de 2020, dizendo que o órgão cumpriu “100%” de sua meta de redução do desmatamento em 80% na Amazônia Legal. Em nota ao Metrópoles, o ministério reforçou a avaliação. “A meta estipulada e alcançada foi a de atender a 80% dos alertas críticos de desmatamento, índice atendido e, portanto, meta 100% cumprida”.

Em tempo 2: Desde 16 de julho, estão proibidas as queimadas na Amazônia e no Pantanal por decreto federal, com validade para 120 dias. Essa foi uma das medidas tomadas para apaziguar os ânimos de investidores internacionais. No entanto, Jennifer Thomas informa na Veja que a proibição ainda não teve efeito. Como descreve o InfoAmazônia, o acompanhamento do INPE, na comparação entre janeiro e julho de 2020 com o mesmo período do ano anterior, três estados apresentaram altas muito importantes no número de queimadas: Pará: 43%; Acre: 33%; e Amazonas: 22%.

 

ClimaInfo, 31 de julho de 2020.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar