A Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes dos EUA encaminhou uma carta ao embaixador norte-americano no Brasil, Todd Chapman, cobrando explicações sobre sua conduta em uma negociação com o governo Bolsonaro para reduzir as tarifas sobre a importação de etanol.
De acordo com a coluna de Lauro Jardim, n’O Globo, Chapman estaria fazendo um “pesado lobby” dentro do governo brasileiro para zerar as tarifas de importação do etanol norte-americano, argumentando que isso favoreceria uma vitória de Trump em Iowa, maior produtor de etanol dos EUA e um estado importante na contabilidade eleitoral do presidente.
Na carta, os deputados Eliot Engel e Albio Sires, respectivamente presidente da Comissão de Relações Exteriores e presidente da Subcomissão para o Hemisfério Ocidental da Câmara, se dizem “extremamente alarmados” com a informação, que indicaria que Chapman estaria utilizando sua posição oficial para beneficiar Trump. Eles pedem que o embaixador explique as condições e o conteúdo de seus diálogos com as autoridades brasileiras, bem como documentos relativos a essas conversas, sem cortes.
A informação foi confirmada no sábado (1/8) pelo deputado federal Alceu Moreira (RS), líder da bancada ruralista na Câmara brasileira, que afirmou que embaixador repetiu diversas vezes a proximidade com o calendário eleitoral nos EUA nas conversas sobre a tarifação do etanol norte-americano no Brasil. “Ele [Chapman] deixa claro que o produtor de etanol americano foi induzido no governo Trump a vender etanol e agora não tem para quem vender e isso prejudica eleitoralmente o Trump”, confirmou Moreira, também a’O Globo. “Ele sempre faz alusão que se nós não concordarmos com a liberação do comércio de etanol, nós vamos ter uma série de consequências em, relação a outros temas que o Brasil tem parceria com os EUA”.
No entanto, o setor sucroalcooleiro brasileiro já se movimenta para dificultar esse acordo com os EUA. A UNICA, entidade do setor, se disse contrária à proposta norte-americana e afirmou que ela somente fará sentido se Washington abrir o mercado de açúcar para o Brasil.
A notícia foi destaque nos jornais O Globo e Estadão e na CNN Brasil. Nos Estados Unidos, veículos como The New York Times, The Washington Post, Vox e The Hill abordaram essa polêmica.
ClimaInfo, 3 de agosto de 2020.
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