Millennials conservadores se contrapõem ao negacionismo republicano de Trump

5 de agosto de 2020

A chegada de Trump à Presidência dos EUA, em 2017, sedimentou o controle de grupos negacionistas da crise climática sobre o Partido Republicano. Desde então, a atual administração vem desmontando cuidadosamente todas as políticas e iniciativas climáticas criadas durante o governo de Barack Obama, sob a justificativa de que elas “prejudicam a competitividade” da economia norte-americana com relação ao resto do mundo.

No entanto, é possível enxergar algumas rachaduras nesta narrativa negacionista dentro da base republicana. Uma pesquisa conduzida pelo Pew Research mostrou que os republicanos mais jovens (entre 18 e 39 anos de idade, que inclui os Millennials e a Geração Z) têm maior probabilidade de pensar que os serem humanos são responsáveis pela mudança do clima, que o governo Trump está fazendo pouco para resolver o problema e que os EUA deveriam se focar no desenvolvimento de fontes alternativas limpas de energia.

Comparado com seus contemporâneos democratas, no entanto, o nível de concordância com essas afirmações entre os republicanos mais jovens ainda é baixo, mas já representa uma mudança no discurso monolítico negacionista oferecido por Trump e os republicanos mais velhos. Os resultados da pesquisa foram mostrados pela Newsweek. A revista também entrevistou jovens republicanos que, por conta da oposição de Trump à ação climática, decidiram virar “Never Trumpers” (ou seja, republicanos de oposição a Trump) e estão fazendo campanha contra a reeleição do atual presidente em novembro. Para eles, a luta climática surgiu como uma oportunidade para “salvar” o Partido de uma posição desastrosa no longo prazo, que pode comprometer também o conservadorismo como um todo.

Entre os republicanos mais velhos, são poucos os que aceitam as evidências científicas e defendem que os EUA assumam um papel central no combate à mudança do clima. Uma das exceções é o ex-governador de Ohio e ex-presidenciável do partido, John Kasich, que escreveu um artigo na Time desta semana defendendo o engajamento contra a crise climática das lideranças políticas do país, em especial das conservadoras.

Em tempo 1: Vale a pena ler o ensaio publicado na The Economist no mês passado que explora um cenário fictício no qual os republicanos, finalmente despertados para o desafio da mudança do clima, resolvem aliar seu conservadorismo com o ambientalismo. A ficção resultante é estranha, mas nos tempos atuais, nada é tão absurdo que não possa se tornar (ao menos em algum grau) realidade.

Em tempo 2: O embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, negou que tenha feito lobby pela redução da tarifa sobre a importação de etanol norte-americano pelo Brasil com o argumento de que isso beneficiaria a campanha à reeleição de Trump. Em nota à imprensa, Chapman disse que “em nenhum momento solicitei aos funcionários brasileiros que tomassem quaisquer medidas em apoio a qualquer candidato presidencial”. O embaixador afirmou também que sempre levou “muito a sério” suas responsabilidades diplomáticas, conforme definidas pela legislação norte-americana, que veta a participação de alguns funcionários do Poder Executivo do país em atividades político-partidárias internas ou internacionais.

 

ClimaInfo, 5 de agosto de 2020.

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