Alertas de desmatamento sobem 34,5% em um ano na Amazônia

DETER-INPE aumento desmatamento Amazônia

O 1º ciclo anual de desmatamento na Amazônia inteiramente sob responsabilidade da gestão de Jair Bolsonaro e Ricardo Salles foi destrutivo para a floresta. De acordo com dados do DETER-INPE, a área desmatada entre agosto de 2019 e julho de 2020 foi de 9.205 km2, um aumento de 34,5% com relação ao total registrado nos 12 meses anteriores (6.844 km2). A área destruída ao longo do último ano é equivalente a seis vezes a área do município de São Paulo.

Na comparação de julho de 2020 com o mesmo mês no ano passado, o INPE mostra uma queda no total de área desmatada: no mês passado, a Amazônia registrou alertas de desmate que abrangeram 1.654 km2, abaixo dos 2,2 mil km2 identificados em julho de 2019. No entanto, o alento é relativo: isso porque julho de 2019 foi o recorde da série histórica do DETER, um “ponto fora da curva” no que diz respeito ao desmatamento. De toda forma, a devastação florestal de julho de 2020 foi muito superior ao registrado nesse mesmo mês em anos anteriores a 2019.

Para o Observatório do Clima (OC), o aumento expressivo do desmatamento nos últimos 12 meses é reflexo da omissão e da anuência do governo Bolsonaro às ilegalidades na Amazônia. “A explosão do desmatamento na Amazônia tem como causa importante o discurso do Presidente da República, que deslegitima a fiscalização ambiental ao mesmo tempo em que estimula a ocupação da região em modelo predatório”, acusou Suely Araújo, especialista em políticas públicas do OC e ex-presidente do Ibama. “Quem lucra com isso é o desmatador ilegal, o grileiro, o investidor no garimpo sem controle que explora trabalho escravo”.

Já o vice-presidente Mourão preferiu destacar a queda observada no desmatamento no mês passado em comparação com julho de 2019. Para ele, o dado aponta para uma “reversão de tendência”. “Ainda é começo, a gente tem que prosseguir até chegar nas metas que nós temos que é colocar o desmatamento dentro do mínimo aceitável”, disse Mourão, ignorando que a taxa observada em julho de 2020 foi muito superior à média histórica para o mesmo mês.

O vice-presidente criticou também os sistemas de monitoramento, que “não são os melhores”, de acordo com ele. “Precisamos avançar para ter uma tecnologia radar, temos aeronaves não tripuladas de melhor nível, em que possam manter um acompanhamento da situação da cobertura vegetal de forma mais, digamos assim, com melhor qualidade, do que só pura e simplesmente a imagem satelital”. O Estadão, a Agência Brasil e o Jornal Nacional (TV Globo) repercutiram as falas de Mourão.

Os dados sobre desmatamento foram bastante destacados na imprensa brasileira, com matérias nos Estadão, Folha, Valor Econômico, O Globo, G1, Correio Braziliense, Veja, Congresso em Foco, TV Globo, TV Cultura e Reuters. No exterior, os números foram abordados pelos Associated Press, AFP, CNN, Al-Jazeera, Mongabay, Gizmodo e Phys, entre outros.

Em tempo: Na RFI, Sarah Cozzolino conversou com especialistas para identificar quais fatores estão contribuindo decisivamente para a intensificação do desmatamento na Amazônia. Um deles, o cientista Carlos Nobre, é contundente: o “enfraquecimento das ações dos órgãos ambientais” é responsável pelo aumento do desmatamento ilegal, junto com o “discurso político e ideológico do governo federal atual de apoiar um modelo econômico que acelera o desmatamento”.

 

ClimaInfo, 10 de agosto de 2020.

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