Um caminho simples e barato para combater o desmatamento da Amazônia está na garantia de terra às Comunidades Indígenas que lá vivem. Essa é a conclusão de um novo estudo publicado na última 2ª feira (10/8) na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), nos EUA.
De acordo com os pesquisadores, territórios oficialmente demarcados e de propriedade de Povos Indígenas apresentaram uma taxa 66% menor de desmatamento anual em comparação com outras áreas entre 1982 e 2016. A análise foi feita a partir da combinação de informações sobre títulos de propriedade para Terras Indígenas demarcadas nas últimas três décadas com imagens de satélite da cobertura vegetal na Amazônia no mesmo período.
“Os Territórios Indígenas não apenas cumprem um papel de Direitos Humanos, mas também são uma forma econômica de os governos preservarem suas áreas florestais e atingirem as metas climáticas”, disse Kathryn Baragwanath, pesquisadora da Universidade da Califórnia em São Diego e coautora do estudo. “Isso é importante, já que muitos Territórios Indígenas ainda não receberam seus direitos de propriedade plenos e indica onde os legisladores e ONGs preocupados com a situação no Brasil devem agora concentrar seus esforços”.
O estudo foi destacado pelos Reuters, Deutsche Welle e Correio Braziliense, entre outros.
Em tempo: Em artigo publicado no jornal O Globo, Ilona Szabó de Carvalho, Melina Risso e Michele dos Ramos (Instituto Igaparé) criticaram a conduta do governo federal com os Povos Indígenas durante a pandemia e destacaram o impacto disso no futuro do Brasil. “A negligência com a proteção da vida dos Povos Indígenas não significa apenas o risco do apagamento de saberes e riquezas milenares. Ela representa também o descompromisso com o presente e com o futuro que podemos escrever como país. Os Povos da Floresta são guardiões da biodiversidade e de saberes sustentáveis na relação com seus territórios, incluindo a Floresta Amazônica”.
Em entrevista à Agência Pública, Adriana Ramos (Instituto Socioambiental) vai além nas críticas à (falta de) atuação do governo no combate à pandemia nas aldeias indígenas. Para ela, “a forma como esse governo, que tem a postura que tem em relação à questão indígena, lida com a pandemia entre essa população, deixa muitas dúvidas em relação a isso, se é omissão ou estratégia”.
ClimaInfo, 12 de agosto de 2020.
Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.
