Mourão tenta retomar protagonismo brasileiro em debate regional sobre Amazônia

Mourão Amazônia

Enquanto Bolsonaro nega a destruição florestal na Amazônia, Mourão trabalha para reativar a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que vinha sendo ignorada nos últimos anos pelo Brasil, sem contribuições financeiras do país.

Como a Folha noticiou, o governo federal entendeu que o desinteresse do Brasil por temas de meio ambiente sob Bolsonaro abriu espaço para que a Colômbia assumisse um protagonismo maior nas articulações regionais sobre a Amazônia. Por isso, o Planalto deve recriar a comissão nacional permanente responsável por acompanhar a aplicação do tratado no país (extinta por Bolsonaro no ano passado junto de outros conselhos e colegiados federais) e se organiza para quitar a dívida acumulada com a OTCA, estimada em US$ 1,5 milhão.

A articulação de Mourão para o governo brasileiro retomar a liderança do debate sobre Amazônia é mais um esforço para controlar e reduzir o dano diplomático e comercial causado pelas críticas de investidores e empresários internacionais à política ambiental do governo Bolsonaro no Brasil. Em editoriais desta 3ª feira (11/8), Estadão e Folha destacaram as dificuldades enfrentadas pelo vice-presidente, que tenta conter a crise sem ter resultados efetivos para mostrar no curto prazo. Afinal de contas, mesmo com os militares em campo na Amazônia, o governo segue dando “piscadelas” para criminosos ambientais, minimizando a dimensão da crise e desacreditando dados científicos sobre o desmatamento e as queimadas.

Em tempo: “Está na hora de acabar com esse negócio de ‘passar boiada’ nas questões ambientais e flexibilizar tudo. Isso é perigosíssimo”. Esta é a posição do presidente da consultoria dinamarquesa Ramboll no Brasil, Eugenio Singer, dada em entrevista a’O Globo. Ele criticou a fragilidade da fiscalização ambiental na Amazônia, o relaxamento em exigências de proteção e as ameaças aos Povos Indígenas, além de ressaltar o custo que tudo isso traz ao Brasil em perda de prestígio, negócios, investimentos e mercados. “Sofremos com o descrédito que o Brasil tem na Dinamarca e em outros países escandinavos. Não se consegue a atratividade para um investimento maciço dessas nações aqui. E, no período pós-pandemia, o país não terá recursos próprios para investir e precisará do dinheiro estrangeiro”, disse Singer.

 

ClimaInfo, 12 de agosto de 2020.

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