Nova Lei do Gás impulsiona investimentos em gasodutos

Nova Lei do Gás

A expectativa em torno da aprovação da Nova Lei do Gás pela Câmara dos Deputados está motivando empresas do setor a planejar novos investimentos na construção de gasodutos. De acordo com o Valor, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) já mapeou um potencial de investimentos de R$ 17 bilhões em onze projetos no Brasil – que, se confirmados, poderiam elevar em 20% a malha nacional, atualmente de 9,4 mil quilômetros.

Pela proposta discutida no Congresso, o modelo de concessão dará lugar a um regime de autorização, que promete agilizar a construção de novos gasodutos, o que interessa às empresas do setor, especialmente aquelas privatizadas nos últimos anos.

Ontem (17/8), o presidente Bolsonaro foi até o Sergipe inaugurar a usina termelétrica a gás Porto de Sergipe I, a maior desse modelo na América Latina. A nova usina, que entrou em operação comercial em março passado, tem potência de 1,5 GW, capaz de atender a 15% da demanda elétrica do Nordeste, o equivalente a 16 milhões de famílias. O ministro de minas e energia, Bento Albuquerque reforçou a expectativa do governo de que a nova lei seja aprovada pelos deputados ainda nesta semana. Ele defendeu o gás natural como “um dos principais combustíveis da transição energética, rumo à economia de baixo carbono” e argumentou que “térmicas como Porto de Sergipe I são extremamente estratégicas para viabilizar o crescimento do parque de energias renováveis.” O que ele não contou é que, para remunerar seus investidores, ela precisa operar durante boa parte do tempo, o que acaba inviabilizando a expansão das renováveis. E também não contou que, um dia, as baterias ficarão mais baratas do que a geração à gás e o país se verá amarrado contratualmente a um fonte fóssil poluente.

Em tempo: As usinas nucleares de Angra 1 e 2 podem ser forçadas a se desligar por falta de combustível em 2021. Na semana passada, O Globo destacou o alerta do ministério de minas e energia, que pediu mais recursos no orçamento deste ano ao ministério da economia. De acordo com a pasta, o desligamento das usinas nucleares não prejudicaria o fornecimento elétrico no Sudeste, mas pode tornar o preço da energia mais caro, já que isso implicaria no acionamento de usinas termelétricas, que operam com custos mais altos. O custo extra aos consumidores seria de R$ 1,4 bilhão por ano, um aumento de 5,1% no gasto total de energia dos brasileiros.

 

ClimaInfo, 18 de agosto de 2020.

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