Nova Lei do Gás impulsiona investimentos em gasodutos

17 de agosto de 2020

A expectativa em torno da aprovação da Nova Lei do Gás pela Câmara dos Deputados está motivando empresas do setor a planejar novos investimentos na construção de gasodutos. De acordo com o Valor, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) já mapeou um potencial de investimentos de R$ 17 bilhões em onze projetos no Brasil – que, se confirmados, poderiam elevar em 20% a malha nacional, atualmente de 9,4 mil quilômetros.

Pela proposta discutida no Congresso, o modelo de concessão dará lugar a um regime de autorização, que promete agilizar a construção de novos gasodutos, o que interessa às empresas do setor, especialmente aquelas privatizadas nos últimos anos.

Ontem (17/8), o presidente Bolsonaro foi até o Sergipe inaugurar a usina termelétrica a gás Porto de Sergipe I, a maior desse modelo na América Latina. A nova usina, que entrou em operação comercial em março passado, tem potência de 1,5 GW, capaz de atender a 15% da demanda elétrica do Nordeste, o equivalente a 16 milhões de famílias. O ministro de minas e energia, Bento Albuquerque reforçou a expectativa do governo de que a nova lei seja aprovada pelos deputados ainda nesta semana. Ele defendeu o gás natural como “um dos principais combustíveis da transição energética, rumo à economia de baixo carbono” e argumentou que “térmicas como Porto de Sergipe I são extremamente estratégicas para viabilizar o crescimento do parque de energias renováveis.” O que ele não contou é que, para remunerar seus investidores, ela precisa operar durante boa parte do tempo, o que acaba inviabilizando a expansão das renováveis. E também não contou que, um dia, as baterias ficarão mais baratas do que a geração à gás e o país se verá amarrado contratualmente a um fonte fóssil poluente.

Em tempo: As usinas nucleares de Angra 1 e 2 podem ser forçadas a se desligar por falta de combustível em 2021. Na semana passada, O Globo destacou o alerta do ministério de minas e energia, que pediu mais recursos no orçamento deste ano ao ministério da economia. De acordo com a pasta, o desligamento das usinas nucleares não prejudicaria o fornecimento elétrico no Sudeste, mas pode tornar o preço da energia mais caro, já que isso implicaria no acionamento de usinas termelétricas, que operam com custos mais altos. O custo extra aos consumidores seria de R$ 1,4 bilhão por ano, um aumento de 5,1% no gasto total de energia dos brasileiros.

 

ClimaInfo, 18 de agosto de 2020.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar