Mourão promete plano de bioeconomia de longo prazo para Amazônia

18 de agosto de 2020

Modernizar a fiscalização, legalizar as atividades econômicas, impulsionar o crescimento sustentável e desenvolver a Amazônia sem a exploração predatória. No papel, as palavras do general vice-presidente para promoção da bioeconomia no maior bioma do país são bonitas e esperançosas. Entretanto, como por ora o governo não tem mais nada para mostrar, Mourão segue as repetindo à exaustão.

Dessa vez, deu uma entrevista ao programa Brasil em Pauta, da TV Brasil, para explicar as ações do Conselho da Amazônia de combate ao desmatamento e às queimadas, bem como sua visão para um modelo de desenvolvimento econômico local. Usando o termo do momento – bioeconomia – Mourão destacou que a Amazônia “não é um lugar de produção de larga escala. É local de produção sustentável, usando a riqueza da biodiversidade existente”. O vice também voltou a defender que a iniciativa privada assuma o protagonismo na construção desse modelo, além da necessidade de uma regularização fundiária na Amazônia.

A defesa do projeto de regularização fundiária também foi feita pela ministra Tereza Cristina em sua entrevista à Folha. Para ela, a titulação é o caminho mais adequado para que as políticas públicas de crédito e as boas práticas de manejo cheguem a esses proprietários rurais. “A gente precisa implementar de vez o Código Florestal. E fazer a regularização fundiária, levando o desenvolvimento”.

Sobre a má imagem do Brasil no exterior, associada ao desmatamento, a ministra da agricultura contestou as críticas internacionais e disse não ver risco à política externa brasileira caso Trump, aliado íntimo de Bolsonaro, seja derrotado nas eleições de novembro nos EUA. “Não vejo que isso seja um problema. A relação dos dois [presidentes] é uma coisa, a institucional é outra. O Brasil é o Brasil. Os Estados Unidos são os Estados Unidos”.

Em tempo 1: Em artigo no Estadão, o ex-ministro José Goldemberg lamentou que teorias conspiratórias sobre um interesse internacional em tirar a Amazônia do Brasil tenham voltado à cabeça das autoridades no Planalto, “apesar de não haver nenhuma evidência concreta de interferência na soberania nacional”. Para ele, “não há nenhuma ameaça estrangeira à nossa soberania sobre a Amazônia. A ameaça vem daqueles que não obedecem às leis em vigor e enfraquecem o poder do Estado”.

Em tempo 2: Há algumas semanas, Mourão prometeu retomar o diálogo com a sociedade civil no Conselho da Amazônia. No entanto, até agora, nenhuma organização recebeu qualquer sinal de aproximação vindo do governo. No BR Político, o secretário executivo do Observatório do Clima (OC), Márcio Astrini, ressaltou a falta de interesse da administração Bolsonaro em conversar com ambientalistas e lembrou algumas acusações absurdas feitas no passado pelo presidente e seus auxiliares sem qualquer prova. Ele também disse ver com receio uma possível injeção de mais de R$ 350 milhões no Fundo Clima via BNDES, já que o governo não tem qualquer plano para aplicação dos recursos.

 

ClimaInfo, 18 de agosto de 2020.

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