Mesmo com pandemia, Bolsonaro diminuiu gastos com saúde indígena em 2020

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À despeito da pandemia e de todos os danos por ela impostos às aldeias indígenas, o governo federal diminuiu o gasto com saúde indígena no 1º semestre de 2020 em comparação com o mesmo período no ano passado, segundo levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos feito a pedido do Conselho Nacional de Direitos Humanos, informa O Globo.

O governo federal gastou R$ 708,8 milhões em ações dedicadas à saúde indígena entre 1º de janeiro e 30 de junho deste ano, um valor 9% menor que o despendido no mesmo período em 2019 (R$ 752,9 milhões). Em abril, durante o auge da disseminação da COVID-19, Brasília gastou R$ 173,7 milhões em saúde indígena, um montante bem menor que os R$ 263,4 milhões. A situação somente se inverteu em junho, quando o governo aplicou R$ 190,9 milhões, valor bem acima dos R$ 48,09 milhões gastos no mesmo mês em 2019.

O jornal fala da situação da Funai, que desembolsou mais de R$ 230 mil em um curso de pós-graduação em Antropologia sob a responsabilidade do chefe do órgão para índios isolados, o missionário Ricardo Lopes Dias. Pelo trabalho de coordenação e docência no curso, Dias embolsará R$ 77,7 mil, além do salário que ele recebe pelo órgão. A matéria informa também que outro coordenador e professor do curso, Cláudio Eduardo Badaró, é tido como braço direito do presidente da Funai, Marcelo Xavier, e teve sua nomeação para o setor de acompanhamento a estudos e pesquisas da Fundação alvo de pedido de suspensão do Ministério Público Federal (MPF), já que ele não possui formação acadêmica na área em questão.

Em tempo: Marcio Astrini (Observatório do Clima) e Sônia Guajajara (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) escreveram para o The Independent sobre a situação dramática da Amazônia, afligida pelo desmatamento e pela pandemia, ambos precipitados e acentuados pela omissão do governo federal no combate a ilegalidades e na proteção da saúde indígena: “Duas coisas estão claras de tudo isso. Primeiro, depois de quase dois anos de governo, Bolsonaro ainda não tem um plano para reduzir o desmatamento e nem pretende ter um – porque sua agenda é o exato oposto. Segundo, o presidente vai tentar escapar da pressão internacional por meio de mentiras. Nós não vamos deixar que isso aconteça”. Os autores defendem que qualquer acordo comercial com o Brasil seja condicionado à implementação de uma moratória total ao desmatamento, legal e ilegal, por um período de cinco anos, com exceção da agricultura familiar e indígena. Além disso, falam da necessidade do governo federal retomar as demarcações de Terras Indígenas e de Unidades de Conservação, bem como a punição mais dura a crimes como grilagem e a retomada do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm), abandonado por Bolsonaro em 2019.

 

ClimaInfo, 20 de agosto de 2020.

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