Queimadas na Amazônia são “agulha no palheiro”, minimiza Mourão

Mourão agulha no palheiro

Mourão voltou a minimizar as queimadas na Amazônia: “24 mil focos de calor [apenas em agosto] significa que tem um foco de calor a cada 200 km2. Isso é uma agulha no palheiro. E o que está sendo colocado para o mundo inteiro: ‘a floresta está queimando, a Amazônia está queimando'”.

O general-vice também contestou os estudos que mostram impactos das queimadas sobre a saúde das pessoas da região. “Eu vejo editorialistas e formadores de opinião dizendo que a fumaça está prejudicando as pessoas. Eu não consigo entender de onde essas pessoas conseguem extrair esses dados e conseguem ouvir isso”.

Nas últimas semanas, Mourão vem repetindo o mesmo negacionismo do presidente Bolsonaro com relação às queimadas na Amazônia. “Mourão é um poste do latifúndio extrativista e predatório. Embaralha-se com grandes números porque enxerga a Amazônia como imensidão por ocupar. Para ele e seu exército de Brancaleone, 20% de destruição da maior floresta tropical do mundo é pouco”, escreve Marcelo Leite na Folha. “As verdadeiras agulhas no palheiro são os raros agentes disponíveis para combater a devastação. Não os recrutas que Mourão levou para passear na Amazônia, mas fiscais do Ibama posto de joelhos por Salles”. Marcelo Leite lembrou que o Ibama possui hoje 312 fiscais operacionais para cobrir 4,2 milhões de km2 – um fiscal para inacreditáveis 13,4 mil km2 de superfície, o equivalente a nove vezes o território do município de São Paulo.

Já o UOL Ecoa repercutiu a live feita pelo Observatório do Clima (OC) com o cientista da NASA Douglas Morton. Há quase 20 anos, Morton acompanha os padrões de fogo na Amazônia e explicou que, diferentemente do que Mourão e Bolsonaro dizem, a maior parte dos focos de incêndio observada na floresta é decorrente de desmatamento. “A única queimada do mundo que não muda é desmatamento. É uma pilha de madeira que não anda”. Morton argumentou que é comum que focos diferentes sejam observados ao longo do tempo no mesmo local, já que a incineração da madeira desmatada precisa ser feita diversas vezes.

Enquanto isso, dados do INPE indicam que o Amazonas registrou o agosto mais incendiário desde 1998, com 7,6 mil focos de queimadas identificados. De janeiro até agora, o estado registrou 10.234 focos, sendo que os números do 1º semestre de 2020 superaram o mesmo período de 2019 em 51,7%.

Em tempo: A Reuters mostrou a dificuldade que os bombeiros estão enfrentando para conseguir conter os incêndios no Pantanal. Além das dificuldades de acesso a determinadas áreas, algumas características do fogo complicam mais a situação. Por exemplo, a vegetação que fica sob o pântano durante a temporada de chuva está agora seca, o que deixa depósitos inflamáveis no subsolo que continuam queimando mesmo após as chamas visíveis serem apagadas.

 

ClimaInfo, 31 de agosto de 2020.

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