PF gasta R$ 49 milhões em imagens de satélite de menor resolução que as do INPE

satélite desmatamento

Segundo a Folha, a Polícia Federal firmou um contrato de R$ 49 milhões com a norte-americana Planet Labs para acessar imagens de satélite com o objetivo de monitorar o desmatamento e as queimadas. A contratação foi feita sem licitação, sob o argumento de que a empresa oferece um “serviço único”.

Algumas diferenças entre as imagens da Planet e as do satélite brasileiro CBERS-4A, do INPE: 1. as imagens da Planet têm 3,7 metros de resolução, enquanto as do CBERS tem 2 metros de resolução, sendo portanto mais definidas; 2. as imagens da Planet custam milhões, as do CBERS são de acesso gratuito; 3. A Planet gera imagens diariamente, enquanto as do CBERS são mensais, o que em tese contribui com uma melhor fiscalização. Mas, como disse Raoni Rajão, professor da UFMG, no Twitter, “para as aplicações citadas pela Polícia Federal (obras e mineração irregular, e plantações de ilícitos) imagens mensais podem ser suficientes.”

O episódio é apenas mais um em uma novela que o governo Bolsonaro vem tramando para contratar serviços de monitoramento alternativos aos do INPE, por conta do descontentamento do presidente com os dados levantados pela instituição sobre o desmatamento na Amazônia. O ministério da defesa, por exemplo, segue interessado em comprar um novo sistema de satélite ao custo de R$ 145 milhões, sob a justificativa de que ele ofereceria imagens mais detalhadas da situação. No entanto, como bem lembrou Rubens Valente no UOL, imagens com a mesma qualidade podem ser obtidas facilmente – e, melhor, gratuitamente – por outras vias, como a Agência Espacial Europeia. “Dinheiro na mão é vendaval…”.

 

ClimaInfo, 2 de setembro 2020.

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