Sob Mourão, militares concentram políticas para a Amazônia

queda de braço Salles x Mourão

A queda-de-braço protagonizada por Salles e Mourão na semana passada tem como pano de fundo um processo que vem se desenrolando desde o começo do ano, quando as críticas internacionais à política ambiental do governo Bolsonaro se intensificaram: o esvaziamento do ministério do meio ambiente, especialmente no comando de políticas federais para a Amazônia. No lugar do impopular Salles, entrou Mourão, uma figura mais respeitável no meio internacional, e os militares, a panaceia bolsonarista para todos os problemas da gestão pública.

A Agência Pública relata como o vice-presidente e as Forças Armadas estão concentrando cada vez mais poder, dinheiro e responsabilidades relativas à gestão federal na Amazônia. Isso passa também pelo esvaziamento dos órgãos ambientais de comando e controle, como o Ibama e o ICMBio, e pela militarização do INPE, bem como a construção de sistemas alternativos de monitoramento do desmatamento na região. O remanejamento de verba para a defesa é outro reflexo do movimento.

Nessa mesma linha, o Intercept Brasil revelou ontem (1/9) que um oficial da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) assumiu a chefia da coordenação de inteligência de fiscalização do Ibama, mesmo sem ter qualquer experiência na área. O setor é responsável por investigações e abastece com dados as principais operações de combate aos crimes ambientais no Brasil. De acordo com a reportagem, a indicação de André Heleno Silveira foi formalizada pelo presidente substituto do Ibama, Luis Carlos Hiromi Nagao, mesmo com manifestação contrária dos servidores do próprio órgão. Os servidores argumentam que o regulamento de fiscalização do Ibama determina que a atividade de inteligência, por sua natureza, somente pode ser exercida por servidores de carreira.

 

ClimaInfo, 2 de setembro 2020.

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