Bolsonaro e Mourão não estão falando a mesma língua. Na 2ª feira (31/8), o vice defendeu publicamente a atração de investimentos externos para promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia. “A grande questão é atrairmos nossos parceiros do BRICS, que têm recursos, para investirmos na Amazônia. É muito importante que a gente atraia o capital chinês, russo, indiano e até sul-africano para esse investimento”, disse Mourão em entrevista à Bandnews.
Porém, no dia seguinte, o presidente voltou a fazer pouco caso dos recursos externos para a Amazônia. “Se um dia nós precisarmos de recursos de outros países, podemos aceitá-los, mas serão de países que tenham exatamente os mesmos ideais nossos, de democracia e liberdade. Somente dessa forma é que nós poderemos dizer que a nossa Amazônia, de fato, será integrada ao nosso país”, afirmou sem especificar “exatamente” o que seriam esses “ideais nossos”.
É importante contextualizar essas falas. A Amazônia vive uma crise ambiental sem precedentes, com taxas crescentes de desmatamento e mais uma temporada intensa de queimadas. Por conta disso, o Brasil vem sofrendo pressão cada vez maior de investidores, empresas e consumidores em mercados internacionais, que exigem medidas de proteção do meio ambiente para continuar fazendo negócios com o país. Ao mesmo tempo, o governo federal está contando centavos em seu orçamento por causa da crise fiscal aprofundada pela pandemia e, como resultado, diminuindo consideravelmente os recursos destinados para proteção ambiental.
Lembrando que, na semana passada, viralizou um trecho do documentário “O Fórum” que mostra Bolsonaro conversando com Al Gore durante o Fórum Econômico Mundial de 2019, no qual ele diz que “temos muita riqueza na Amazônia” e que “adoraria explorar essa riqueza com os EUA”.
A fala de Bolsonaro foi repercutida pelos Correio Braziliense, Estadão, G1, O Globo e Reuters, entre outros.
ClimaInfo, 3 de setembro 2020.
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