Crimes ambientais hi-tech na Amazônia 

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Se mais de 90% de todo o desmatamento é ilegal, o combate ao crime ambiental é a chave para o combate às mudanças climáticas. Porém, muitas das organizações criminosas envolvidas nos crimes ambientais são apoiadas por empresas legítimas e funcionários corruptos dos governos, incluindo membros da polícia, escrivães, funcionários alfandegários e políticos.

Os rendimentos são lavados de forma criativa, incluindo a contabilização de ganhos ilícitos em terras agrícolas legítimas ou a mistura de ouro extraído ilegalmente com exportações legais. Os criminosos ambientais têm conhecimento de diversas tecnologias, usam criptomoedas, drones e tecnologias de satélite para fugir da lei.

Essas são algumas das conclusões do rastreamento das redes que impulsionam o crime ambiental na bacia amazônica feito pelo Instituto Igarapé em parceria com a Interpol e a InSight Crime, em colaboração com grupos ambientais como o Instituto Socioambiental (ISA) e iniciativas de monitoramento como MapBiomas.

Embora parte do setor privado tenha começado iniciativas para combater o crime ambiental na região, ainda é preciso ampliar a articulação de órgãos públicos e a cooperação internacional. Segundo os autores, para se deter as atividades criminosas, é essencial expor os atores envolvidos e as formas pelas quais os produtos de origem ilegal estão inundando as cadeias de abastecimento globais.

A notícia foi dada pela Folha de S. Paulo.  A íntegra do relatório pode ser baixada aqui.

Em tempo: A temporada do fogo de 2020 no Amazonas pode ser uma das maiores desde 1998, quando o INPE iniciou o monitoramento de queimadas na Amazônia. O número de focos de calor registrados em julho aumentou 33% na comparação com 2019, um dos piores anos de queimadas na região; em agosto, o aumento foi de 19%. E, pelos índices de desmatamento já registrados, o Amazonas ainda tem muito o que queimar este ano. As áreas mais críticas estão localizadas no sul do estado, como nos municípios de Lábrea e Apuí – a região está se consolidando como a nova fronteira do arco do desmatamento, uma nova frente de crimes ambientais no bioma. Para Ane Alencar, do IPAM, na DW, “o Amazonas agora faz parte de uma fronteira agrícola, onde novos desmatamentos estão acontecendo, e também porque é um estado onde essas terras têm como dono o governo, que deveria estar destinando essas áreas para uso florestal, como Unidades de Conservação, uma Floresta Nacional, um assentamento diferenciado, uma Terra Indígena. Na minha visão, o Amazonas ocupa um protagonismo no desmatamento e no fogo por causa disso, porque as pessoas não estão inibidas para cometer crimes ambientais”.

 

ClimaInfo, 3 de setembro 2020.

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