Mourão e Salles contestam queimadas na Amazônia – com imagens da Mata Atlântica

Salles Mata Atlântica

O ministro Fabio Faria está “fazendo escola”. Agora, foi a vez de seu colega Ricardo Salles e do vice-presidente Mourão misturarem Mata Atlântica com Amazônia, em mais um papelão digno da comédia de mau-gosto que virou a política ambiental brasileira.

Salles postou ontem (9/9), em seu Twitter, um vídeo produzido pela Associação de Criadores do Pará (Acripará) que contesta as críticas recentes levantadas pela campanha #DefundBolsonaro nas redes sociais. Com narração em inglês, o vídeo nega que a floresta esteja sofrendo com as queimadas e defende que o uso do fogo é restrito a pequenos produtores rurais e comunidades indígenas – mesmo depois do próprio governo confirmar, via dados do INPE, que agosto de 2020 foi o 2º mês com mais queimadas em dez anos.

No entanto, o que chamou a atenção geral foi o fato do vídeo usar imagens de animais que, a despeito do tema da produção, não são característicos da Floresta Amazônica, como o simpático mico-leão dourado, símbolo da Mata Atlântica, seu habitat natural.

O mesmo vídeo foi compartilhado depois por Mourão. No post, o vice escreveu “De que lado você está? De quem preserva de verdade ou de quem manipula seus sentimentos”. O texto também repete uma falácia que o governo Bolsonaro adora repetir: que “o Brasil é o país que mais preserva suas florestas nativas no mundo”.

Para piorar, a Veja revelou que o presidente da Acripará, Maurício Pompeia Fraga Filho, foi processado em 2018 por submeter trabalhadores a condições análogas à escravidão. Fiscais teriam constatado que um grupo de 30 trabalhadores, incluindo um adolescente, estava sujeito a “inúmeras situações degradantes” em uma de suas fazendas. Para se livrar do processo, Fraga e outros acusados concordaram em pagar cerca de R$ 1,5 milhão por danos morais e coletivos, além de direitos trabalhistas dos funcionários.

O Globo, Estado de Minas, G1 e UOL repercutiram o “mico” protagonizado por Salles e Mourão.

 

ClimaInfo, 11 de setembro 2020.

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