O governo da Noruega firmou um acordo com a empresa Planet para oferecer gratuitamente imagens de satélite de alta definição para o monitoramento de florestas tropicais, como a Amazônia. A ideia é que essas imagens fiquem disponíveis abertamente ao público, que poderá acessá-las de qualquer lugar do mundo e ter informação atualizada sobre a situação do desmatamento em mais de 64 países.
Como Phillippe Watanabe lembrou na Folha, a Planet esteve no centro de diversas polêmicas recentes no Brasil sobre o monitoramento via satélite da Amazônia. Mais recentemente, a Polícia Federal comprou por R$ 49 milhões um serviço de imagens de satélite da empresa para ajudar em ações de combate a ilegalidades na Amazônia, sob a justificativa de que a qualidade das imagens da Planet era melhor que a dos sistemas operados pelo INPE – um argumento contestado por especialistas. No Valor, Daniela Chiaretti trouxe a impressão de alguns deles sobre o anúncio do governo norueguês, que ressaltaram que ele vai no sentido contrário do que vem sendo observado no Brasil sob o governo Bolsonaro, que vem restringindo e centralizando essas informações.
Em tempo: O G1 destacou a fala de Alberto Setzer, coordenador do Programa Queimadas do INPE, contestando um dos argumentos que vêm sendo repetidos à exaustão por Mourão para menosprezar os sistemas de monitoramento do INPE: que as imagens de satélite geradas por ele não diferenciam foco de calor e queimada efetiva. Setzer refutou uma das acusações de Mourão, de que os dados do INPE apontam equivocadamente rocha, asfalto e outros elementos como focos de incêndio. “Alguns dos satélites mais antigos, com mais de 20 anos, talvez possam dar essa informação como ele [Mourão] disse. Mas isso não é usado nos cálculos. Por essa razão, nós temos satélites de referência [mais modernos] que não são sujeitos a esse tipo de engano”, disse.
ClimaInfo, 25 de setembro 2020.
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