Acordo Mercosul-UE está “paralisado indefinidamente”, dizem Alemanha e Irlanda

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Mais uma notícia ruim para o futuro do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Após uma reunião dos ministros europeus da agricultura, a chefe da pasta na Alemanha, Julia Klöckner, reafirmou o ceticismo do governo Merkel sobre a possibilidade de aprovação do tratado nos próximos meses, em virtude de preocupações ambientais. “Para ser honesta, tenho sérias dúvidas. Basta olhar para o Brasil e a queima de tanta floresta para criar lavoura em condições que a UE jamais autorizaria”, disse Klöckner.

O vice-chanceler e ministro do comércio da Irlanda, Leo Varadkar, também assinalou como os problemas ambientais no Brasil impactam a tramitação do acordo na UE: “Acho que é justo dizer que há crescente preocupação e ceticismo entre os governos [da UE] sobre a viabilidade do acordo com o Mercosul enquanto o Brasil não estiver totalmente honrando suas obrigações sob o Acordo de Paris e com um desmatamento muito extenso na Amazônia”.

Na RFI, Lúcia Müzell qualificou o prejuízo para a economia brasileira com o “naufrágio” do acordo comercial com a UE: com as novas condições, os exportadores brasileiros poderão se beneficiar diretamente com US$ 87 bilhões em tarifas alfandegárias que deixariam de ser aplicadas nos mercados europeus, fora quase US$ 40 bilhões adicionais se considerarmos barreiras não tarifárias que seriam derrubadas pelo acordo.

Já n’O Globo, Claudia Sarmento mostrou como estas cobranças estão sendo incorporadas pelos consumidores europeus, preocupados com o impacto ambiental dos produtos brasileiros vendidos no continente. Diversas grandes cadeias de varejo estão sendo obrigadas a reafirmar e reforçar seus compromissos de sustentabilidade na cadeia de fornecimento, sob demanda cada vez maior de seus clientes.

 

ClimaInfo, 28 de setembro 2020.

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