O governo federal insiste em negar a realidade e apontar o dedo para os outros na hora de justificar nossa grave situação ambiental. Na sua live na semana passada, Bolsonaro seguiu à risca o roteiro afirmando que as queimadas do Pantanal são fruto de “medidas equivocadas no passado (…), erradas ou criminosas”, que potencializaram os incêndios na região neste ano.
Salles, que participou da live, apontou algumas dessas “medidas equivocadas”, destacando em particular supostas restrições que teriam sido impostas à pecuária no Pantanal nos governos anteriores, além de reticências quanto ao uso de retardantes químicos para combater o fogo. Mesmo contra os dados do INPE, o ministro reafirmou que, no caso da Amazônia, os focos de incêndio estão concentrados em áreas marginais já desmatadas – uma falácia que vem sendo repetida por Mourão nas últimas semanas.
Bolsonaro voltou a dizer que o fogo na Amazônia é causado em grande parte por “indígenas e caboclos” – a mesma lorota dita para a Assembleia Geral da ONU na 3ª feira (22/9). Ele defendeu também que, nos locais onde “o índio já está evoluído”, eles tenham “liberdade” para explorar suas terras da maneira que “quiserem”. Globo Rural, O Globo e Reuters, entre outros, repercutiram as falas da dupla.
Em tempo: O cacique Raoni, uma das principais lideranças indígenas do Brasil, refutou categoricamente as afirmações de Bolsonaro na ONU, onde o presidente acusou “índios e caboclos” pelas queimadas. “Isso é pura mentira. São os próprios fazendeiros, que prejudicam a mata, a natureza. Madeireiros, garimpeiros… Eles que estão botando fogo”, disse Raoni ao G1/TV Centro América.
ClimaInfo, 28 de setembro 2020.
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