As mentiras e os absurdos de Bolsonaro em mais um discurso patético na ONU

Bolsonaro ONU biodiversidade

Falando ontem (30/9) na Cúpula da ONU sobre Biodiversidade, Bolsonaro repetiu a abordagem defensiva de sua a fala à Assembleia Geral da ONU na semana passada. Negou que o Brasil passe por problemas ambientais, defendeu o agronegócio, rejeitou a pressão de governos e investidores e reiterou as ações de combate ao desmatamento lideradas pelas Forças Armadas.

No entanto, dois pontos chamaram a atenção – de maneira negativa. Primeiro, Bolsonaro disse que o governo “logrou reverter, até agora, a tendência de aumento da área desmatada observada nos anos anteriores”. Bem, os dados do próprio governo federal desmentem duramente a afirmação. No 1º ciclo anual de desmatamento amazônico inteiramente sob responsabilidade do atual governo, a área desmatada entre agosto de 2019 e julho de 2020 superou 9,2 mil km2, um aumento de 34,5% com relação ao total registrado nos 12 meses anteriores (6.844 km2), de acordo com o sistema DETER/INPE.

Depois (e mais grave), o presidente acusou organizações da sociedade civil que – de acordo com ele e (como sempre) sem qualquer evidência – seriam responsáveis por crimes ambientais. Não é a 1ª vez que Bolsonaro inventa acusações absurdas para criticar grupos ambientalistas, mas a fala de ontem, realizada durante uma reunião de chefes de governo e estado na ONU, atingiu um patamar mais sério de irresponsabilidade. Pior: além de colocar em risco a segurança de entidades que atuam no país, por causa dessa retórica, o presidente arranha ainda mais a imagem do Brasil no exterior.

Estadão, Guardian, G1, O Globo, UOL e Reuters repercutiram a fala presidencial.

Em tempo: O Globo destacou os resultados de uma pesquisa inédita, publicada nesta semana na revista Science Advances, que estimou o volume de carbono que a Amazônia emitiu entre os anos 2001 e 2015. De acordo com o estudo, no total, a floresta liberou 3,54 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e), volume 37% maior do que se estimava até agora (2,6 bilhões). Mas um dado chama a atenção: o efeito de borda da floresta (a degradação florestal nas margens da floresta pressionadas pelo desmatamento) é responsável pela emissão de mais de 60 milhões de tCO2e anualmente – um volume comparável àquele emitido pela frota brasileira de caminhões em 2018 (81 milhões de tCO2e).

 

ClimaInfo, 1º de outubro 2020.

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