Limpeza do ar na China tem efeito colateral para o clima global

China carvão

Parece contraintuitivo, mas os esforços empreendidos pela China para reduzir a poluição do ar decorrente da operação de usinas termelétricas a carvão no país podem estar contribuindo para a emissão de mais gases de efeito estufa, intensificando assim o aquecimento global.

Esses dados são de um novo estudo, publicado na semana passada na revista Environmental Research Letters, conduzido por cientistas chineses e norte-americanos. A pesquisa analisou dados de emissões entre 2006 e 2017, período que contemplou grande parte das ações recentes empreendidas pelo governo da China para reduzir a poluição atmosférica em suas cidades. Esse trabalho se deu principalmente a partir de instalação de purificadores em usinas e fábricas, que permitiram reduzir as emissões de dióxido de enxofre em 70% – poluente que causa problemas respiratórios, mas que também atua como refletor de luz solar na atmosfera, contribuindo para o resfriamento do planeta.

A partir de um modelo de computador que calcula o chamado “forçamento radiativo” – a quantidade de energia do sol que fica presa na atmosfera, menos a energia que a Terra reflete de volta para o espaço – os autores concluíram que a redução de emissões de dióxido de enxofre permitirá que uma quantidade maior de energia solar fique retida na atmosfera terrestre. Pelas contas, apenas essa redução pode contribuir para elevar a temperatura média da Terra em 0,1°C até o final deste século. Oil Price e Wired repercutiram esse estudo.

 

ClimaInfo, 6 de outubro 2020.

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