UE exige resultados no combate ao desmatamento para prosseguir com acordo com Mercosul (e Brasil segue ignorando)

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E segue a novela do acordo comercial Mercosul-UE, em xeque nos últimos meses por conta da escalada do desmatamento e das queimadas no Brasil. Daniel Rittner informou no Valor que autoridades europeias alertaram o governo Bolsonaro de que apenas fatos novos, como a queda contínua e acentuada da destruição florestal, poderão impulsionar a ratificação do texto pelo bloco. Sem essa sinalização por parte do Brasil, aumenta a possibilidade do tratado ser analisado pelo Conselho Europeu e pelo Parlamento Europeu apenas em 2021.

Por ora, o Brasil não parece sensível a essa demanda. Em visita a Lisboa, a ministra Tereza Cristina reafirmou que o acordo comercial “não representa qualquer ameaça” o meio ambiente no Brasil e destacou que Portugal (que presidirá a UE no próximo semestre) defende a aprovação rápida do texto, a despeito de países como França, Alemanha, Irlanda e Áustria terem manifestado reservas sobre essa possibilidade.

Na semana passada, um trecho do acordo Mercosul-UE foi vazado pelo Greenpeace alemão e deixou ambientalistas ainda mais desconfiados, já que ele não contém cláusulas que garantam o cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris por parte de seus signatários. Para eles, isso deixa ainda mais claro que o acordo comercial entre os dois blocos não pode ser aprovado nas circunstâncias atuais e que ele precisa ser revisado e fortalecido em seus instrumentos de proteção ambiental.

 

ClimaInfo, 14 de outubro 2020.

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