Faltando pouco menos de 20 dias para as eleições presidenciais, o Senado norte-americano (controlado pelo Partido Republicano de Donald Trump) corre para aprovar rapidamente o nome da juíza conservadora Amy Coney Barrett para a vaga deixada pela progressista Ruth Bader Ginsburg na Suprema Corte dos EUA. Nesta semana, Barrett participou de sabatina com os senadores e foi bastante pressionada pela oposição democrata, especialmente sobre suas posições em temas espinhosos como direitos reprodutivos, sistema de saúde e mudança do clima.
Sobre esse último tópico, Barrett foi questionada pela senadora Kamala Harris (vice do democrata Joe Biden) se ela acreditava que a crise climática era uma ameaça real e significativa para o futuro da humanidade. No entanto, a juíza se limitou a dizer que não tinha conhecimento científico para comentar sobre o tema e insinuou que o clima seria uma questão de debate político, e não de ciência.
Considerando que o responsável por sua indicação é um negacionista notório da crise climática, essa desculpa de que “não sou cientista, não posso opinar” não é exatamente uma surpresa. Mas, como DeSmog destacou, a chegada potencial de Barrett à Suprema Corte pode sedimentar não apenas uma maioria conservadora com potencial de durar décadas, mas também uma maioria negacionista, com impactos que vão muito além das fronteiras norte-americanas.
Em tempo 1: Comentando a declaração de Barrett, a jovem Greta Thunberg disse: “Para ser sincera, também não tenho nenhuma ‘opinião sobre a mudança climática’. Assim como não tenho ‘opinião’ sobre a gravidade, o fato da terra ser redonda, a fotossíntese ou a evolução.”
Em tempo 2: Enquanto a Suprema Corte se torna um bastião negacionista nos EUA, a Califórnia segue sofrendo com os incêndios florestais. A ProPublica fez um infográfico mostrando a evolução do fogo no estado e ressaltando como a temporada atual de fogo ensaia um “novo normal” marcado por temperaturas mais altas, condições mais secas e incêndios mais intensos.
ClimaInfo, 16 de outubro 2020.
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