Com resultado eleitoral incerto, EUA deixam o Acordo de Paris

EUA Acordo de Paris

A 4ª feira foi de bastante incerteza nos EUA. Mais de 24 horas após o fechamento das urnas, até o final do dia de não havia sinal claro sobre um vitorioso na disputa pela Casa Branca. A única certeza era um fato que vinha sendo esperado nos últimos três anos: a formalização da saída dos EUA do Acordo de Paris.

Decidido por Trump em junho de 2017, o processo foi iniciado naquele mesmo ano e, ironicamente, a data de efetivação da saída do país do tratado veio a ocorrer no dia seguinte à eleição presidencial.

Caso Biden seja o vencedor, os EUA poderão voltar rapidamente ao Acordo de Paris, como já foi prometido pelo democrata durante a campanha. Se der Trump, por outro lado, teremos um cenário parecido com o que aconteceu com o Protocolo de Quioto nos anos 2000, com os EUA isolados do lado de fora.

No Observatório do Clima, Jaqueline Sordi relembra o histórico tumultuado do governo norte-americano nas negociações sobre clima, desde a assinatura da Convenção da ONU sobre o tema (UNFCCC) por parte do republicano George Bush, passando pela retirada do país de Quioto e as dificuldades enfrentadas por Barack Obama para reposicionar Washington nas negociações para o Acordo de Paris.

Em nota assinada com os governos de Chile, França, Itália e Reino Unido, o Secretariado da UNFCCC lamentou a saída dos EUA e reafirmou o compromisso dos demais países membros em implementar os objetivos e ações previstos pelo acordo. Deutsche Welle, Folha, G1, Guardian e The New York Times destacaram essa notícia. A Scientific American lembrou das dificuldades práticas impostas pela gestão Trump ao esforço global contra a mudança do clima.

Em tempo: Vale ler a entrevista feita por Daniela Chiaretti no Valor com o climatologista sueco Johan Rockström, uma das maiores autoridades mundiais em ciência climática. Na conversa, ele sugere que as eleições presidenciais nos EUA são das mais decisivas da história em termos climáticos. Para Rockström, uma reeleição de Trump significará mais bagunça e poucos avanços; já uma vitória de Biden pode marcar, como ele mesmo diz, “o começo do fim da era dos combustíveis fósseis”.

 

ClimaInfo, 5 de novembro 2020.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)
x (x)