Novo estudo publicado na AGU Advances mostra um delicado equilíbrio químico entre atmosfera e oceano, mostrando que, em determinados momentos, esse grande sumidouro de carbono oceânico, responsável pela absorção de 39% das emissões da era industrial, passa a ser ele mesmo um emissor. Essa conclusão sugere que à medida que futuros cortes nas emissões de combustíveis fósseis desacelerarem o crescimento do CO2 atmosférico, a capacidade de absorção do oceano também diminuirá. Para chegarem a esse resultado preocupante, os pesquisadores usaram um modelo simples de média global para mostrar que dois processos externos ao oceano foram suficientes para explicar a desaceleração do sumidouro de carbono do oceano na década de 1990, quando o oceano não se comportou como esperado. Em 1991, o Monte Pinatubo, um vulcão nas Filipinas, entrou em erupção, espalhando cinzas vulcânicas e partículas na estratosfera. Esta cinza vulcânica refletiu a luz do sol e reduziu temporariamente as temperaturas globais. Resfriar o oceano, mesmo um mínimo, aumenta a capacidade da água de dissolver o dióxido de carbono – assim ela absorveu mais. Ao mesmo tempo, entre 1989 e 1994 houve um platô temporário nas emissões de carbono por causa de um aumento no sumidouro de carbono terrestre. Combinado com o fato de que o oceano já havia sugado mais carbono após a erupção do Monte Pinatubo, isso diminuiu a diferença entre a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera e no oceano. Essa equalização enfraqueceu o sumidouro de carbono do oceano e ilustrou uma relação direta entre as mudanças no dióxido de carbono atmosférico e o comportamento do sumidouro. Mais recentemente, as emissões de dióxido de carbono diminuíram ligeiramente por causa da pandemia de COVID-19 e os pesquisadores preveem uma redução temporária semelhante do sumidouro de carbono do oceano como resultado. A Haikai Magazine traz mais detalhes.
ClimaInfo, 12 de novembro 2020.
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