Turnê de embaixadores com Mourão: gesto de boa vontade, mas faltam resultados

11 de novembro de 2020

A visita de quatro dias realizada por embaixadores estrangeiros à Amazônia na semana passada, à convite do vice-presidente Mourão, foi vista pelos diplomatas como um gesto de boa intenção política por parte do governo federal. No entanto, não foi suficiente para aplacar totalmente a insatisfação externa, especialmente de governos europeus, com a política ambiental promovida por Bolsonaro.

Uma das frustrações foi o fato de que seu roteiro passou longe de áreas afetadas por desmatamento e queimadas. Com diversos ministros a tiracolo, a comitiva passou por Manaus e São Gabriel da Cachoeira (AM), com visitas a um zoológico, um pelotão de fronteira, um laboratório policial e o Centro de Monitoramento da Amazônia.

“Agora precisamos ver os resultados deste esforço. Enquanto a curva do desmatamento não baixar, nossa preocupação continuará”, comentou Ybañez Rubio, embaixador da União Europeia no Brasil, para Daniela Chiaretti no Valor. Ela também ouviu o embaixador alemão Heiko Thoms: “O maior risco a esta soberania vem de dentro e acontece pela ilegalidade, pela ameaça do crime organizado. O Brasil tem que exercer sua soberania, fazer com que a lei seja respeitada e combatendo a ilegalidade.” As impressões dos embaixadores sobre a visita foram registradas também por El País Brasil e UOL.

Em tempo: O (ainda?) chanceler Ernesto Araújo segue espalhando teorias conspiratórias, enquanto se esforça para permanecer no cargo depois de seu ídolo maior, Donald Trump, perder a eleição nos EUA. O Correio Braziliense destacou a fala do ministro em um simpósio sobre segurança na América do Sul e na Europa, em que ele acusou grupos simpáticos “a um cartel político criminoso” que “não querem que enxergue essa profunda sintonia” entre a gestão Bolsonaro e os países europeus. “Querem criar desacordo e animosidade entre nós. Para isso, usam um tecido muito denso e sofisticado de desinformação em torno, principalmente, do tema ambiental”. Resta saber se o chanceler acha que os dados do INPE que indicam a disparada do desmatamento e das queimadas na Amazônia fazem parte dessa “desinformação”. Vale ler também o artigo de Míriam Leitão em O Globo, no qual ela comenta o clima de barata-voa que marca a política externa brasileira após a derrota de Trump.

 

ClimaInfo, 11 de novembro 2020.

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