Queimadas na Amazônia: dados do INPE contradizem Bolsonaro

TerraBrasilis

Uma nova plataforma lançada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) nesta segunda (16) lança novas luzes sobre o processo de destruição da Amazônia. Cruzando informações sobre focos de calor, desmatamento e o Cadastro Ambiental Rural (CAR), ela mostra que quase metade (45%) das queimadas que ocorreram entre agosto de 2019 e outubro deste ano na Amazônia foram em áreas que tinham sido recentemente desmatadas. Esse dado contraria declarações do presidente Bolsonaro de seu vice, Hamilton Mourão, de que 90% dos focos de calor ocorrem em áreas com desmatamento consolidado. E mais de um terço aconteceu em terras que não fazem parte do Cadastro Ambiental Rural, o CAR. Fora algumas propriedades privadas sem CAR, o restante aconteceu em Terras Públicas e devolutas que foram invadidas e desmatadas. Outra lenda propagada por Bolsonaro e repetida por outras “autoridades” é a de que a maioria das queimadas aconteceram em pequenas propriedades onde o “caboclo” não tem conhecimento para adotar outras práticas. O que os dados do INPE mostram é que ocorreram, em média, 12 vezes mais focos de incêndio em propriedades grandes (com áreas maiores que 1.500 ha em boa parte da Amazônia) do que nas pequenas: foram 1,31 focos por propriedade grande contra 0,11 focos por propriedade pequena.

Com o cruzamento de dados da nova plataforma, torna-se tecnicamente possível separar queimadas legais das ilegais.

Estadão, O Globo, O Eco, Neomondo, Direto da Ciência e a equipe do Observatório do Clima repercutiram os dados.

Em tempo: Em entrevista ao Valor, o Embaixador da União Europeia (UE) no Brasil, Ignacio Ybáñez ressalta que a regularização fundiária que o governo pretende promover na Amazônia pode ser positiva, dependendo das condições em que isso será feito.

 

ClimaInfo, 18 de novembro 2020.

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