O chanceler Ernesto Araújo está levando a sério a ideia de fazer do país um “pária diplomático”. Diplomatas brasileiros atuantes na Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica (CDB) estão obstruindo a aprovação do orçamento de seu secretariado para 2021, o que inclui despesas básicas para o funcionamento técnico e administrativo do regime multilateral. Caso o documento não seja aprovado, a CDB corre o risco de ficar paralisada a partir de janeiro, o que inviabilizaria a realização da próxima Conferência das Partes (COP15), prevista para 2021 na China.
No blog Ambiência, da Folha, Ana Carolina Amaral descreveu a situação delicada vivida pela CDB. Dentre os 196 países membros da Convenção, apenas o Brasil está impondo obstáculos para a aprovação do orçamento – que, pelas regras da ONU, precisa ser consensual. A truculência diplomática do Brasil levou a presidente da CDB e ministra do meio ambiente do Egito, Yasmine Fouad, a assinalar diretamente a obstrução em documento oficial aos demais membros. A justificativa apresentada pelo Brasil é de que as conversas sobre orçamento estão acontecendo de forma virtual, em virtude da pandemia, e isso afetaria a capacidade de países mais pobres participarem das discussões. Alguns deles concordam com essa preocupação, mas rejeitam a manobra brasileira para dificultar a aprovação do orçamento da CDB. O Guardian também abordou a obstrução.
ClimaInfo, 23 de novembro 2020.
Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.
