Ciclone Gati despeja o equivalente a dois anos de chuvas em dois dias na Somália

ciclone Gati

A passagem do ciclone Gati na região do Chifre da África foi devastadora. Com ventos de mais de 170 km/h, foi a tempestade mais forte a atingir a Somália desde que os registros de satélite começaram, há cinco décadas. O volume de chuva que Gati despejou no país também foi histórico: estima-se que o equivalente a dois anos de precipitação tenham caído em apenas um dia, especialmente no norte do país.

De acordo com a NASA, Gati ganhou impulso inédito pouco antes de chegar ao continente africano: em 12 horas, os ventos se aceleraram de 65 km/h para 185 km/h, o maior aumento para esse período de tempo já registrado no Oceano Índico. A tempestade se intensificou rapidamente devido ao seu pequeno tamanho, às águas quentes do Índico e ao baixo cisalhamento do vento. À NPR, o climatologista Eric Holthaus explicou que a mudança do clima está intensificando episódios extremos. “A força de Gati é parte desse padrão global mais amplo de tempestades mais fortes”.

De acordo com o Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), pelo menos 42 mil pessoas ficaram desabrigadas pela passagem do ciclone e as enchentes que ele causou. Já a ONG Save the Children estimou que 70 mil pessoas, incluindo 32 mil crianças, foram forçadas a deixar seus lares por causa da tempestade, especialmente na região de Puntland. O Organização da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO) alertou que o ciclone pode intensificar as pragas de gafanhotos na Somália e na Etiópia. Isso porque as chuvas permitiriam que enxames imaturos pudessem completar sua maturação mais rápido, liberando assim novo contingente de insetos, ao mesmo tempo em que os ventos possam ter espalhado ovos em outras áreas até então não afetadas pelas pragas.

 

ClimaInfo, 26 de novembro 2020.

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