Estudo: Acordo comercial com UE pode aumentar desmatamento

27 de novembro de 2020

O acordo comercial entre Mercosul e União Europeia pode significar mais pressão sobre os biomas brasileiros, com a escalada potencial do desmatamento na Amazônia e no Cerrado. O alerta é de um estudo inédito conduzido por pesquisadores de universidades dos EUA, coordenado por Paulo Barreto (Imazon) com apoio da ONG Fern. Como informado por Daniela Chiaretti no Valor, a implementação do acordo implicaria em um aumento da taxa de desmatamento nos países do Mercosul entre 122 mil e 260 mil hectares, sendo 55% desse total no Brasil. Na Amazônia, os estados de Pará, Rondônia e Mato Grosso seriam os mais atingidos; já no Cerrado, a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) estaria ainda mais vulnerável.

O estudo mostra que as salvaguardas ambientais previstas no acordo são insuficientes para conter o aumento da devastação ambiental nos países do Mercosul. De acordo com a análise, o desmatamento adicional liberaria entre 75 milhões e 173 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e) na atmosfera.

Em contraposição, o negociador alemão Rupert Schlegelmilch, que atuou nas discussões entre Mercosul e UE para costura do acordo, defendeu que o documento é “parte da solução, não do problema” para lidar com os problemas ambientais no Brasil. Segundo ele, o acordo “abre portas para o diálogo e a cooperação com autoridades brasileiras que, caso contrário, não teríamos”.

Em tempo 1: Um grupo de 68 membros do Parlamento Europeu encaminhou ao vice-presidente Mourão uma carta na qual contestam as pretensões do governo Bolsonaro de impor regras para controlar as atividades de organizações da sociedade civil na Amazônia. A proposta está sendo discutida no âmbito do Conselho da Amazônia, presidido por Mourão. No documento, os europarlamentares afirmam que essa iniciativa é “muito preocupante” e reforçam a importância das ONGs como parceiras no enfrentamento do desmatamento e na promoção de políticas de desenvolvimento sustentável e conservação florestal. Deutsche Welle e Valor deram mais detalhes.

Em tempo 2: Vale ler dois artigos publicados nesta 5ª feira (26/11). O primeiro, publicado no Poder360 por Marcio Astrini e Suely Araújo (Observatório do Clima), desnuda as falácias do plano de Mourão e Bolsonaro para a Amazônia. “A maior parte de suas mais de 50 propostas são uma obra de ficção, por representarem o oposto de tudo o que a atual administração federal, inclusive o próprio vice, pensa e faz. (…) E as restantes devem ser temidas, porque significam não a proteção da Amazônia e de seus Povos, mas a militarização da floresta”.

Já na Época, Natalie Unterstell aborda a apatia diplomática que tomou conta do governo brasileiro sob Bolsonaro e Ernesto Araújo, guiado por um negacionismo que não teme isolar e transformar o Brasil e um pária internacional. “Como se estivesse em uma arquibancada, de onde pretende assistir aos demais correrem, o Brasil no máximo esperneia”.

 

ClimaInfo, 27 de novembro 2020.

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