Polêmica da madeira ilegal na Amazônia evidencia “telhado de vidro” do governo Bolsonaro

Ipê madeira ilegal

Bolsonaro mirou nos países europeus e atirou no próprio pé. No Estadão, André Borges revelou que o governo federal – que ensaiou na semana passada uma acusação contra mercados na Europa pela importação de madeira ilegal da Amazônia – afrouxou o processo de exportação do Ipê, contrariando parecer técnico do Ibama e um pedido para que a espécie fosse incluída na lista de ameaçados de extinção ou em situação de alerta da Convenção sobre  o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção (Cites, em inglês). Assim, a madeira brasileira mais cobiçada em todo o mundo passou a ser vendida como qualquer outra, a preços de Eucalipto.

Se o Ipê tivesse sido incluído nessa relação, o produto passaria a ter uma licença obrigatória específica, que permitiria um controle maior sobre a exploração dessa madeira. No entanto, a gestão Salles no ministério do meio ambiente decidiu manter a espécie fora da Cites; segundo o jornal, a decisão foi motivada por pressão de madeireiros do Mato Grosso e do Pará. Por sua vez, o presidente do Ibama Eduardo Bim afirmou que a opção de manter o Ipê fora da Cites se deu para que o governo pudesse fazer “consulta ao setor produtivo nacional”.

Falando no presidente do Ibama, O Globo noticiou que Bim recebeu uma comitiva de empresários do setor madeireiro do Pará em fevereiro passado, dias antes de ele flexibilizar as normas para exportação de madeira nativa. Entre as empresas recebidas em Brasília estão duas madeireiras que, juntas, somam mais de R$ 2,6 milhões em multas.

 

ClimaInfo, 27 de novembro 2020.

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