Bolsonaro volta a culpar “índios e caboclos” por queimadas na Amazônia e contesta críticas do Reino Unido

1 de dezembro de 2020

Em seu esforço para tornar o Brasil um “pária internacional”, Bolsonaro segue causando problemas e levantando questões que prejudicam ainda mais a imagem do país no exterior. Mesmo depois de três semanas desde a confirmação da vitória de Joe Biden nos EUA, ele trata a eleição norte-americana como um assunto pendente ainda não resolvido – tal qual seu ídolo, o derrotado Trump. O Valor mostrou as dificuldades que esse posicionamento está causando para o governo federal no diálogo bilateral com os EUA: no entorno de Bolsonaro, a vitória de Biden virou um “tabu”, o que distancia possíveis contatos entre a equipe de transição do novo governo de Washington e as autoridades brasileiras. Enquanto Bolsonaro não reconhecer a realidade, a diplomacia brasileira seguirá atada e amordaçada.

E no último domingo (29/11) o presidente voltou a espalhar desinformação para contestar críticas recente de autoridades e empresas do Reino Unido contra o desmatamento e as queimadas na Amazônia. Bolsonaro repetiu que é o “próprio índio ou caboclo que toca fogo” na floresta, minimizando a escalada recorde de focos de incêndio na Amazônia. Ele também afirmou que pretende “rebater com coragem” a tentativa do governo britânico de impor restrições à importação de produtos associados ao desmatamento ilegal brasileiro, e sugeriu que pode participar da próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP26), prevista para novembro de 2021 em Glasgow (Escócia).

Em tempo 1: No que foi o 1º diálogo oficial em quase um ano, Bolsonaro teve uma audiência virtual nesta 2ª feira (30/11) com o presidente da Argentina, Alberto Fernández. Desafetos políticos, os dois chefes de Estado usaram o encontro para tentar uma reaproximação diplomática entre os países, algo importante para o Brasil depois de se isolar politicamente na região nos últimos tempos. No entanto, nem tudo foram flores para Bolsonaro: em comunicado divulgado pela Casa Rosada, Fernández manifestou preocupação com a situação do meio ambiente no Brasil. Estadão deu mais detalhes sobre o encontro.

Em tempo 2: Vale a pena ler a coluna de Sergio Lamucci no Valor, na qual ele destrincha o cenário desolador da diplomacia brasileira sob Bolsonaro. O texto cita uma avaliação do cientista político Matias Spektor (FGV), que considera as condições atuais da política externa do Brasil como as mais deterioradas desde a redemocratização. Junto com os desgastes políticos causados pelo desgoverno ambiental, a retórica hiper-ideológica do presidente e de seu entorno joga mais cascas de banana no caminho do país.

 

ClimaInfo, 1º de dezembro de 2020.

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