A ex-ministra de energia e desenvolvimento limpo do Reino Unido, Claire O’Neill, criticou duramente seu ex-chefe, o primeiro-ministro Boris Johnson, e o trabalho do governo britânico para sediar a próxima Conferência da ONU sobre Clima (COP26), prevista para novembro de 2021 em Glasgow. Durante audiência no Parlamento, O’Neill – que tinha sido indicada para a presidência da COP até ser demitida em fevereiro passado – afirmou que os primeiros meses de organização do governo para receber a conferência foram marcados por rivalidades internas e falta de compreensão sobre a importância das negociações climáticas. Segundo ela, auxiliares de Johnson demonstraram “amadorismo e ineptidão extraordinários” em suas análises sobre a relevância do encontro. O’Neill também afirmou que, num primeiro momento, a recomendação do departamento do tesouro britânico a Johnson foi contrária à realização da COP26, o que atrapalhou o começo do planejamento.
Já a BBC destacou a avaliação crítica de parlamentares britânicos e especialistas sobre o desempenho do atual presidente indicado da COP26, o ministro de negócios Alok Sharma. Segundo fontes ouvidas pela reportagem em Londres, a avaliação é de que Sharma não tem “largura” necessária para liderar uma negociação complexa e importante como a da Convenção da ONU sobre Clima (UNFCCC), sendo uma figura secundária dentro do governo Johnson.
Independent, Guardian e POLITICO destacaram as principais críticas de O’Neill a Johnson e Cia.
Em tempo: Climate Home destacou o cronograma apertado que o Reino Unido tem pela frente para conseguir fechar sua nova contribuição nacionalmente determinada (NDC) para o Acordo de Paris. O documento será importante, já que será a 1ª definição climática que os britânicos farão depois da saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit. Em 2015, Londres apresentou sua NDC no âmbito da meta apresentada pela UE em Paris. A ideia de Boris Johnson é fechar uma nova meta até o começo de 2021, o que permitiria a seu governo exercer uma liderança mais significativa ao longo do ano antes da COP26. No entanto, dificuldades políticas e práticas ameaçam atrasar essa definição.
ClimaInfo, 2 de dezembro 2020.
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