Escalada do desmatamento na Amazônia intensifica pressão internacional sobre Bolsonaro

4 de dezembro de 2020

Os novos dados do PRODES sobre o desmatamento da Amazônia azedaram ainda mais o humor de governos, consumidores, empresas e investidores estrangeiros com a omissão e a incompetência do governo Bolsonaro no combate às ilegalidades na floresta.

A notícia arranhou a imagem de Mourão, que desde maio está no comando das ações do governo na Amazônia promovidas em resposta à irritação de parceiros internacionais com o desempenho de Ricardo Salles. Ainda que o diálogo internacional com o vice seja muito mais afável do que com o ministro do meio ambiente, os resultados da era Mourão na Amazônia seguem igualmente grotescos. “O que todos querem do governo, inclusive nós brasileiros, não é apenas um interlocutor de confiança, e sim ‘resolvedores do problema’”, ressaltou Natalie Unterstell na Época.

Como bem destacou a RFI, os números do desmatamento refletem a ineficiência das operações militares na floresta, que não conseguiram conter o avanço da destruição. “O governo colocou um general e, supostamente, toda a infraestrutura militar para combater o desmatamento, e só piorou”, argumentou o cientista Gilberto Câmara, ex-diretor do INPE.

Na BBC, André Shalders destacou que, pressionada pelo Parlamento Europeu, a Comissão Europeia deve iniciar no começo de 2021 a discussão em torno de uma nova lei que proibiria a importação de produtos que tenham qualquer relação com a destruição de biomas naturais, bem como investimentos de instituições financeiras europeias em atividades dessa natureza fora da União Europeia. Se aprovada, essa legislação atingiria em cheio o agronegócio brasileiro.

E esse cenário pode piorar: com a UE na expectativa pela retomada da parceria climática com os EUA de Joe Biden, o Brasil tem tudo para virar o alvo predileto das pressões diplomáticas, políticas e comerciais por conta do desastre ambiental promovido por Bolsonaro. “O cerco está se fechando sobre o governo Bolsonaro na área ambiental”, alertou uma fonte a Assis Moreira no Valor.

Em tempo 1: Na Piauí, Cristina Amorim (IPAM) escreveu sobre o “chá de sumiço” tomado por Salles na última 2ª feira (30/11), quando ele simplesmente não apareceu na coletiva de imprensa que anunciou os dados do PRODES sobre desmatamento na Amazônia. Para ela, “a ausência do ministro traz a carga simbólica da exiguidade: de planos, de recursos, e de comprometimento”.

Em tempo 2: Vale olhar também duas matérias que desdobraram os novos dados do DETER para o desmatamento na Amazônia. Primeiro, o InfoAmazonia destacou a escalada da destruição no Amazonas, que ultrapassou Rondônia e assumiu a 3ª posição no ranking de desmatamento da Amazônia Legal. O estado também registrou aumento na quantidade de focos de queimada, com o maior número em oito anos (91.753 pontos até 27/11). E segundo, Isabella Otto fez um apanhado bem informativo da devastação florestal na Amazônia na Capricho (sim, é isso mesmo).

 

ClimaInfo, 4 de dezembro 2020.

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