Médicos alertam para impactos de choques climáticos à saúde global

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Ninguém está com a saúde garantida frente os impactos mais negativos da mudança do clima, especialmente doenças relacionadas ao calor. Esse é o alerta da principal revista científica médica do mundo, The Lancet, na nova edição do relatório Lancet Countdown, divulgada ontem (3/12).

Resultado da colaboração entre especialistas de 35 instituições internacionais de pesquisa médica, com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Banco Mundial, o documento afirma que a pressão causada pela pandemia de COVID-19 prenunciou um cenário que deverá se tornar cada vez pior, em virtude da maior ocorrência de ondas de calor.

De acordo com o relatório, o total de mortes de pessoas idosas decorrente do calor aumentou 54% nos últimos 20 anos, com um recorde de 2,9 bilhões de dias adicionais de exposição a ondas de calor afetando aqueles com mais de 65 anos em 2019. Além disso, as mortes relacionadas ao consumo excessivo de carne vermelha aumentaram 70% em três décadas, com a maioria das quase 1 milhão de mortes anuais ocorrendo no Pacífico Ocidental, em países como China, Coreia do Sul e Austrália.

A pesquisa constatou também que o calor intenso fez com que a humanidade desperdiçasse 302 bilhões de horas de trabalho em todo mundo em 2019, sendo que o Brasil perdeu sozinho mais de 4 bilhões de horas de trabalho. Falando no nosso país, o documento apontou também o avanço da dengue, com o mosquito Aedes aegypti se adaptando cada vez mais aos ambientes urbanos brasileiros, ajudado pelo armazenamento inadequado de água.

Os dados da Lancet Countdown foram amplamente repercutidos na imprensa internacional, com matérias nos Bloomberg, El País, Euractiv, Independent, Guardian, NY Times e Reuters, entre outros.

 

ClimaInfo, 4 de dezembro 2020.

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