Estudo: alta temperatura e clima seco interferem em tempo de vida de árvores em florestas tropicais

florestas tropicais

Estudo liderado pelos pesquisadores brasileiros Giuliano Locosselli e Marcos Buckeridge, da Universidade de São Paulo (USP), e publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) nesta semana alerta para os efeitos do aumento da temperatura e do clima mais seco em florestas tropicais como a Amazônia e a Mata Atlântica. Ele mostra que em um cenário de aquecimento persistente nas próximas décadas, diversas espécies de árvores poderão ter uma vida mais curta, comprometendo a capacidade da floresta de absorver carbono, com impactos potenciais também na diversidade biológica local.

Em comparação com outros tipos de vegetação, como florestas temperadas e boreais, as árvores tropicais crescem em média duas vezes mais rápido. No entanto, segundo os autores, quando a temperatura média passa dos 25,4oC, a taxa de crescimento atinge um patamar mais alto, o que diminui a longevidade das árvores. Ou seja: o crescimento se acelera e o ciclo de vida fica mais curto. Isso traz dois impactos em particular: primeiro, a fase de crescimento dessas árvores, que é o momento em que elas processam uma grande quantidade de CO2 por meio da fotossíntese, fica mais reduzida; segundo, com uma vida mais curta, a capacidade de absorção de carbono no longo prazo também fica comprometida. Esse problema se intensifica quando o clima fica mais seco: com a disponibilidade hídrica mais reduzida, o desenvolvimento da planta é comprometido, já que ela cresce menos e morre mais jovem.

A Agência FAPESP destacou os dados e as conclusões da análise.

Em tempo: No mês passado, falamos aqui sobre o iceberg A68, o maior do mundo, que se aproxima da ilha da Geórgia do Sul, um dos maiores santuários de pinguins do planeta. Segundo o Guardian, um grupo de cientistas do Reino Unido se prepara para ir até o gigante gelado para coletar amostras de gelo, além de medir a temperatura, a salinidade e os níveis de fitoplâncton na água ao redor do iceberg. A ideia é analisar o impacto potencial do iceberg sobre a diversidade biológica local.

 

ClimaInfo, 16 de dezembro 2020.

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