Madeira ilegal na Amazônia: investigação aponta pressão de deputado e ameaça a fiscais do Ibama

madeira ilegal

Os desdobramentos da Operação Arquimedes, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF), mostram que o comércio de madeira explorada ilegalmente na Amazônia não envolve apenas madeireiras clandestinas e funcionários públicos corruptos, mas também agentes políticos do alto escalão. Segundo informou Leandro Prazeres em O Globo, o deputado federal Átila Lins (AM) pressionou o Ibama pela reabertura de uma madeireira fechada semanas antes por operação irregular no município de Manacapuru, no Amazonas. Os investigadores encontraram uma troca de mensagens entre Lins e o então superintendente do Ibama no estado, José Barroso Leland, réu em processos por crimes contra a flora e por porte ilegal de arma. Leland é apontado como um dos principais atores do esquema que “esquentava” madeira extraída de áreas irregulares, permitindo sua venda no mercado interno e externo como se fosse de origem legal.

A reportagem mostrou também que um dos fiscais que deu início ao desbaratamento da quadrilha, Hugo Ferreira Loss, foi alvo de ameaças por parte de criminosos do grupo. Segundo as investigações, um cunhado de Leland, também envolvido no esquema, o teria ameaçado de morte. Loss atuava até abril passado na coordenação nacional de operações de fiscalização do Ibama, mas foi exonerado logo após o órgão iniciar uma série de ações contra garimpos clandestinos em Terras Indígenas. Ele também foi uma das testemunhas ouvidas pelo MPF na ação que pediu o afastamento de Ricardo Salles do ministério do meio ambiente.

Em tempo: O desmatamento em terras registradas ilegalmente como propriedade particular em florestas públicas não destinadas cresceu 50% nos últimos dois anos. O Direto da Ciência destacou esse dado: entre 2014 e 2018, a média de desmate em áreas griladas foi de 112,8 mil hectares; já em 2019 e 2020, sob o atual governo, esse número foi de 215,6 mil hectares e 226,5 mil hectares, respectivamente. A maior parte, cerca de 60%, aconteceu em terrenos incluídos irregularmente no Cadastro Ambiental Rural.

 

ClimaInfo, 17 de dezembro 2020.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)