Isolado no exterior, Brasil pode perder direito a voto na ONU por causa de dívidas

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A diplomacia brasileira teve um 2020 desastroso. Incapaz de reagir de maneira efetiva às cobranças da comunidade internacional sobre o desgoverno ambiental de Bolsonaro, o Itamaraty se viu cada vez mais isolado no tabuleiro global. Ao que tudo indica, no entanto, 2021 pode começar ainda pior: caso o Brasil não quite ao menos US$ 113,5 milhões da dívida de US$ 390 milhões que possui com a ONU, o país perderá pela 1ª vez em sua história o direito ao voto na Assembleia Geral e nos conselhos dos quais ele faz parte.

Segundo informaram Daniel Rittner e Renan Truffi no Valor, a equipe do chanceler Ernesto Araújo corre contra o tempo para que o Congresso Nacional aprove o quanto antes uma suplementação orçamentária de R$ 2,8 bilhões. A proposta, que precisa ser apreciada conjuntamente por deputados e senadores, estava prevista para votação na última 4ª feira (16/12), mas caiu por falta de acordo entre os parlamentares. Como o Legislativo deve entrar em recesso de fim de ano, existe o sério risco de que o dinheiro não seja liberado a tempo de impedir o que seria um verdadeiro desastre diplomático para o Brasil.

O problema é que Araújo nunca esteve tão isolado politicamente no Congresso. Como destacou André Ramalho também no Valor, a rejeição do Senado à indicação do embaixador Fabio Marzano para chefiar a delegação brasileira na ONU em Genebra explicitou a insatisfação dos parlamentares com a condução da política externa. Ao jornal, o ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira lembrou que uma das coisas que mais irritaram os senadores foi a incapacidade de Marzano responder a questões sobre o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia durante a sabatina, sugerindo que existe um clima de medo entre os diplomatas, temerosos de uma reação negativa de Araújo ou Bolsonaro. Jamil Chade também ressaltou no UOL a situação delicada de Araújo e do Itamaraty.

 

ClimaInfo, 18 de dezembro 2020.

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