OCDE alerta para escalada do desmatamento ilegal e de emissões de carbono no Brasil

OECD

Na 4ª feira (16/12), a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou um relatório analítico sobre a economia brasileira, destacando as principais tendências e desafios para o desenvolvimento econômico do país.

O documento fez questão de explicitar a explosão do desmatamento na Amazônia como um dos principais problemas enfrentados pelo país atualmente, associando-a diretamente com os cortes orçamentários e o relaxamento das atividades de fiscalização nos últimos anos.

O texto aborda também a diminuição do efetivo do Ibama, que caiu 55% desde 2010, e a impunidade dos criminosos ambientais, com a conivência do poder público. “As discussões políticas enviaram sinais contraditórios sobre o compromisso [do governo federal] com a estrutura de proteção ambiental existente”, diz o texto.

Associado ao desmatamento, outro ponto abordado pelo relatório é o crescimento das emissões de gases de efeito estufa (GEE), que prejudicam não apenas o cumprimento dos compromissos climáticos nacionais assumidos junto ao Acordo de Paris, mas também a competitividade da economia brasileira no mercado global, cada vez mais exigente quanto à pegada de carbono. O documento ressaltou que a promessa de zerar o desmatamento ilegal até 2030, previsto na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira, precisa ser cumprida.

Uma das prioridades da política externa da gestão Bolsonaro é a adesão do Brasil à OCDE. Durante o lançamento do relatório, o ministro Paulo Guedes reforçou o interesse do país em entrar no grupo e defendeu que a adesão facilitaria a implementação de “sistemas de comércio de emissões de carbono que aumentem a competitividade das empresas brasileiras, alinhando as nossas políticas às melhores práticas internacionais”.

BBC Brasil, Correio Braziliense, Exame, G1 e RFI destacaram o relatório e a fala de Guedes.

Em tempo: O Brasil está tropeçando no que diz respeito a uma recuperação econômica capaz de gerar empregos, renda, inovação e sustentabilidade, ficando atrás de diversas economias na corrida por uma economia verde. O alerta é do Fórum Econômico Mundial, que publicou nesta semana um estudo analisando as políticas de 37 países para retomada da economia pós-pandemia. Como destacado pelo Valor, nas 11 áreas consideradas prioritárias (envolvendo meio ambiente, novos mercados, inovação e capital humano), o Brasil está abaixo da média em todas. O relatório ressaltou que a superação da pandemia passa também pelo combate à desigualdade social e a proteção ao meio ambiente.

 

ClimaInfo, 18 de dezembro 2020.

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