Pós-Brexit, Boris Johnson abraça agenda climática no Reino Unido

Boris Johnson

O Financial Times traçou um panorama interessante sobre a conversão de Boris Johnson, que outrora menosprezava a agenda ambiental no Reino Unido, em um defensor apaixonado do meio ambiente. Independente de qualquer motivação de natureza pessoal, essa conversão atende a razões políticas bastante convincentes para o atual primeiro-ministro britânico: além de ser uma agenda popular com o eleitorado, o meio ambiente é visto pelo governo Johnson como a melhor alternativa de futuro político para o Reino Unido depois da longa e traumática novela do Brexit, concluída no ano passado com a formalização da saída dos britânicos da União Europeia.

Os britânicos terão assento privilegiado nas discussões políticas internacionais em 2021: além de sediar a próxima Conferência da ONU sobre Clima (COP26), o Reino Unido também receberá o próximo encontro do G7, o grupo dos sete países mais desenvolvidos do mundo. Esses encontros marcarão também a reestreia dos EUA na arena internacional sob o governo de Joe Biden, visto por Johnson como um aliado crucial para avançar com a agenda ambiental. A Reuters também analisou a expectativa da retomada da cooperação climática entre Londres e Washington.

Mas nem tudo são flores. Ontem (26/1), o governo britânico anunciou que a tão esperada lei de proteção ambiental, que promete ser a revisão mais abrangente e ambiciosa da legislação ambiental em décadas, deverá atrasar ao menos seis meses antes de começar a ser discutida no Parlamento. Segundo o governo, o atraso se deve às repercussões da 2ª onda da pandemia no Reino Unido e ao esforço de vacinação. Grupos ambientalistas se indignaram com a decisão, argumentando que ela pode prejudicar consideravelmente a posição do Reino Unido nas negociações climáticas em Glasgow no final do ano. BBC, Guardian, Independent e Reuters destacaram o anúncio e a reação dos ambientalistas britânicos.

Em tempo: Do outro lado do Canal da Mancha, o presidente francês Emmanuel Macron defendeu nesta 3ª feira no Fórum Econômico Mundial que os países negociem um “equivalente ao Acordo de Paris” para a biodiversidade. “Não é possível perseguir nossos objetivos para o clima sem adotar também a pauta da biodiversidade”, disse o líder francês. Ele ressaltou que a crise climática e a destruição crescente da diversidade biológica global exigem “mudanças na forma de produção de nossa agricultura, no nosso modo comum de consumo e de vida”. Ana Estela de Sousa Pinto deu mais informações na Folha.

 

ClimaInfo, 27 de janeiro de 2021.

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