Nos últimos anos, o bitcoin virou foco de interesse no mercado financeiro internacional, o que resultou em uma valorização substancial. No ano passado, a criptomoeda foi negociada entre US$ 5 mil e US$ 40 mil, uma variação tão polêmica quanto a discussão de economistas e acadêmicos sobre seu real valor.
Na Bloomberg, Lionel Laurent fez uma reflexão interessante sobre o “ouro virtual”, tido como símbolo de uma economia desmaterializada. Para ele, é notável que pouco se discuta sobre o lado “não virtual” das operações com bitcoins: o consumo de energia necessário para “minerá-lo” e mantê-lo. “O algoritmo do bitcoin exige quantidades crescentes de poder computacional para validar transações. Se fosse um país, sua pegada de carbono anual seria comparável à da Nova Zelândia, com cerca de 37 milhões de toneladas de dióxido de carbono”, explicou Laurent. Considerando seu uso como instrumento especulativo e a falta de regulação, Laurent sustenta que o bitcoin “dificilmente atingiria uma pontuação alta [em termos de] ESG”.
Por um lado, essa questão entra dentro de um contexto maior – o da geração de energia elétrica, ainda bastante dependente de combustíveis fósseis. Nesse sentido, a pegada de carbono do bitcoin não seria sua “culpa”. No entanto, a arquitetura da programação global por trás do bitcoin não ajuda, pelo contrário: quase metade da capacidade de “mineração” global da criptomoeda está localizada no sudoeste da China, uma região onde a energia é barata, menos taxada e bastante dependente do carvão.
ClimaInfo, 1º de fevereiro de 2021.
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