Entre a miséria e o desastre climático: o drama das “caravanas” da América Central

caravanas América Latina

Nos últimos anos, a imprensa dos EUA – especialmente os veículos mais simpáticos ao ex-presidente Trump – destacou os movimentos massivos de imigrantes de nações da América Central em direção à fronteira sul do país. As chamadas “caravanas” se intensificaram nos anos 2010 por conta da pobreza estrutural e da violência política e social características da região. No entanto, essas pessoas também enfrentam outro inimigo, este mais inclemente: a crise climática.

O Climate Home contou do drama destes grupos no final de 2020. Na época, animados pela perspectiva da vitória de Biden (e de uma mudança bem-vinda na política imigratória dos EUA), milhares de pessoas começaram a se mover em direção norte. No entanto, a reticência do novo governo norte-americano e as restrições impostas por diversos países centro-americanos motivadas pela pandemia acabaram impedindo a passagem do grupo pela Guatemala, o que o dispersou pela região.

Infelizmente, muitas dessas pessoas acabaram ficando no meio do caminho dos furacões Eta e Iota, que causaram enchentes e deslizamentos de terra em novembro passado. Em inúmeros casos, aqueles que tinham pouquíssimo acabaram perdendo tudo e ficando na miséria. A intensificação destes eventos extremos deve tornar a questão da imigração na América Central ainda mais dramática no futuro: além das tempestades, as estiagens prolongadas também prejudicam a agricultura e empobrecem as pessoas, forçando-as a deixar sua terra em busca de melhores condições no norte.

Em tempo: O Financial Times publicou uma reportagem interessante, com gráficos animados, sobre a temporada de tempestades tropicais no Atlântico de 2020 – a mais intensa registrada até hoje. Foram 30 tempestades nomeadas no ano passado, duas a mais que o recorde anterior, de 2005.

 

ClimaInfo, 1º de fevereiro de 2021.

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