Fundo soberano norueguês se desfaz completamente de ativos de petróleo 

Fundo soberano norueguês

O Fundo Soberano da Noruega anunciou na 6ª feira (29/1) a exclusão de seu portfólio de empresas focadas em exploração e produção de petróleo, em virtude das perdas acumuladas pelo setor nos últimos tempos e pelos riscos climáticos atrelados aos seus negócios.

Segundo a Bloomberg, a carteira de investimentos do fundo no setor, que estava avaliada em cerca de US$ 6 bilhões em 2019, foi totalmente encerrada no final do ano passado. A mudança completa um processo de anos de redução da exposição de um dos maiores fundos soberanos do mundo à indústria petrolífera, ironicamente o produto principal responsável pela geração de riqueza econômica na Noruega nos últimos 50 anos.

Já no Reino Unido, o Financial Times informou que a megagestora de ativos Aviva Investors anunciou a pretensão de se livrar de aplicações em 30 das maiores empresas de petróleo, gás e mineração do mundo, a menos que elas assumam responsabilidades e tomem medidas substanciais para combater as mudanças climáticas. E, nos EUA, os fundos de pensão da cidade de Nova York decidiram na semana passada se desfazer de cerca de US$ 4 bilhões em aplicações em empresas fósseis, em um dos maiores movimentos de desinvestimento do país. A medida foi encabeçada pelo prefeito Bill de Blasio, e teve o objetivo de alinhar os investimentos financeiros do poder público municipal com as ações e metas climáticas da cidade.

Em tempo: Enquanto o resto do mundo começa a correr da indústria fóssil como o diabo foge da cruz, o Brasil flerta com a possibilidade de ser o paraíso dos “ativos encalhados” do petróleo. Um novo estudo sugeriu a existência de até 30 bilhões de barris de petróleo na Bacia do Pará-Maranhão, do porte de um “novo pré-sal” para o país, segundo informou a EPBR. A análise foi feita pelo professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Allan Kardec Duailibe, juntamente com o geólogo e ex-consultor da Petrobras ,Pedro Zalán, e o professor da Escola Superior de Guerra, Ronaldo Gomes Carmona, quem defendem o destravamento da exploração de petróleo na costa norte brasileira. Considerando a crise climática e todo o movimento de desinvestimento do setor, haverá algum investidor insano disposto a enfiar dinheiro em um projeto que, por conta do cenário global, pode não tirar um barril sequer de petróleo do fundo do mar?

 

ClimaInfo, 1º de fevereiro de 2021.

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