A fatura da política antiambiental de Bolsonaro começa a chegar

custo Bolsonaro

A pressão internacional contrária à política ambiental de Bolsonaro está se intensificando – e, para desalento do agronegócio brasileiro, ameaçando criar problemas sérios para o comércio exterior do país nos próximos anos. Falamos ontem aqui das propostas apresentadas por ex-negociadores e lideranças climáticas dos EUA ao presidente Joe Biden, que buscam impor restrições à importação de produtos associados com o desmatamento ilegal.

No Valor, Daniela Chiaretti repercutiu a notícia e destacou a importância da proteção florestal da Amazônia dentro da estratégia diplomática para o clima do novo governo norte-americano. O Globo também ressaltou esse ponto, argumentando que a política ambiental e climática que Biden começa a tirar do papel nos EUA contrasta tremendamente com a leniência e o desinteresse de Bolsonaro e seus auxiliares com esses temas.

Do outro lado do Atlântico, a temperatura sobe entre os franceses. Também já destacamos aqui a exigência de novas garantias ambientais por parte do Brasil feita pelo governo de Macron praticamente como condicionante para a aprovação do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Na Folha, Mathias Alencastro conversou sobre a questão com o eurodeputado francês Pascal Canfin. Presidente da comissão de meio ambiente do Parlamento Europeu e um dos principais aliados de Macron, Canfin reforçou que o Brasil precisa mostrar mais disposição nas conversas diplomáticas para conseguir superar as desconfianças ambientais dos países europeus. “O Brasil não pode aparecer na cena internacional como o país que não quer cooperar. Seria um péssimo cálculo econômico”, disse.

Tudo isso seria óbvio para o governo brasileiro se fosse praticada uma política externa minimamente racional. O problema é que, como bem colocou José Eduardo Barella, no Valor, a diplomacia brasileira foi sequestrada pelo conspiracionismo caolho característico da extrema-direita bolsonarista. Ele citou uma análise dos discursos e entrevistas sobre política externa dos principais integrantes do governo Bolsonaro, desde a campanha de 2018 até julho de 2020. Segundo a análise, 20% das menções de política externa sob o bolsonarismo contêm referências a teorias conspiratórias relacionadas ao chamado “globalismo”. Nas redes sociais, isso é ainda mais proeminente: 40% das postagens do círculo bolsonarista do governo tinham teor conspiratório.

 

ClimaInfo, 2 de fevereiro de 2021.

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