Joe Biden e Papa Francisco, uma aliança de fé contra a crise climática

Joe Biden Papa Francisco

A eleição de Joe Biden nos EUA foi histórica por diversos fatores. Um deles é a questão da fé do presidente: em mais de 200 anos, esta foi apenas a 2ª vez na história que o país elegeu um católico para chefiar a Casa Branca, depois da vitória de John Kennedy em 1960. O momento não poderia ter sido mais oportuno, pelo menos em termos climáticos: tal qual o atual chefe da Igreja, o Papa Francisco, o católico Biden também entende a crise climática como uma ameaça existencial à humanidade e, nesse sentido, seu enfrentamento pode ser entendido como uma missão de fé.

Na Foreign Policy, Timothy Naftali e Christopher White especularam sobre o impacto potencial de uma parceria Washington-Vaticano para a ação climática global. Desde 2015, quando publicou a encíclica Laudato Si’, Francisco tem sido uma das principais lideranças internacionais na questão climática. Nos últimos quatro anos, o Papa não escondeu sua contrariedade com o negacionismo de Trump nos EUA. Não à toa, um dos tópicos discutidos entre Francisco e Biden no 1º telefonema pós-eleição foi exatamente a questão climática. Juntos, eles podem ter um peso bastante significativo não apenas nas discussões internacionais sobre clima, mas também no complicado tabuleiro doméstico que Biden enfrenta em Washington.

Em tempo: A New Yorker contou a história da ambientalista Molly Burhans, que há quatro anos colabora com a Igreja Católica para impulsionar a ação climática dentro da instituição. Uma de suas primeiras tarefas foi o levantamento das propriedades da Igreja em todo o mundo para analisar como a instituição poderia atuar diretamente para diminuir suas emissões de carbono – um desafio tremendo, já que a Santa Sé é uma das maiores proprietárias de terras não-estatais em todo o planeta. Por um lado, essa análise mostrou que a Igreja é um dos atores com maior capacidade individual de ação climática; por outro, a vastidão de suas propriedades, além de sua complexidade jurídica e institucional, deixavam o Vaticano “amarrado” nesse sentido. Desde então, ela tem colaborado para encontrar caminhos para catalisar a ação climática dentro da Igreja.

 

ClimaInfo, 3 de fevereiro de 2021.

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