Uma das figuras mais simbólicas da última década na diplomacia climática internacional voltará a dar as caras nos corredores da ONU. O diplomata Xie Zhenhua, que chefiou a delegação da China em diversas Conferências do Clima, foi indicado pelo governo chinês para o posto de enviado especial para o clima. A medida é vista como uma resposta à nomeação de John Kerry para um posto similar nos EUA pelo presidente Joe Biden, e sinaliza uma disposição de Pequim para dialogar com Washington nas conversas sobre clima.
Xie e Kerry são veteranos das negociações do Acordo de Paris, quando desenvolveram uma proximidade pessoal. À época, Kerry servia como secretário de Estado da gestão Barack Obama. Segundo o Climate Home, os dois estiveram em contato nos últimos dias e trocaram impressões sobre questões de energia. “Este é claramente um movimento sob medida em direção aos EUA, um esforço para garantir a existência de canais diplomáticos [entre os dois países]”, afirmou Li Shuo, do Greenpeace. “Com sua experiência e contatos, a nomeação de Xiw ajudará pelo menos a reduzir os custos de transação na diplomacia climática da China”. Bloomberg e South China Morning Post também repercutiram o retorno de Xie às negociações climáticas pela China.
Enquanto isso, a secretária-executiva da Convenção da ONU sobre Clima (UNFCCC), Patricia Espinosa, ressaltou a importância dos países ricos tirarem do papel seus compromissos de financiamento climático para as nações mais pobres. Ela defendeu que esse tema seja a principal prioridade nas próximas rodadas de negociação até a Conferência de Glasgow (COP26), no final do ano. “As promessas devem ser honradas e atualizadas. A obrigação de apoiar os esforços dos países em desenvolvimento não podem e não serão ignoradas – é do interesse próprio dos países desenvolvidos cumprir esses compromissos”, disse Espinosa, citada pelo Guardian.
Em tempo: Mesmo com a incerteza persistente sobre o destino das negociações climáticas em 2021, por conta da pandemia, os países começam a apresentar seus principais nomes para as conversas em Glasgow. O Climate Home elencou alguns desses nomes e destacou o papel que eles terão em temas-chaves na COP26, como recuperação verde e inclusiva (encabeçado pela primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley), financiamento público (com Remy Rioux, presidente da Agência Francesa de Desenvolvimento) e privado (com John Kerry), adaptação e resiliência (com Nancy Tembo, ministra de silvicultura e recursos naturais do Malaui), e mercados de carbono e compensação (com Andrea Meza-Murillo, ministra do meio ambiente da Costa Rica).
ClimaInfo, 5 de fevereiro de 2021.
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