Como as grandes petroleiras “contaminaram” a educação sobre clima nos EUA

Petroleiras na escola

Em poucos lugares do mundo o embate de narrativas em torno da mudança do clima é tão polarizado como nos EUA. Parte importante disso se deve ao peso político da indústria do petróleo, que ainda detém grande poder político e econômico em diversos pontos do país. Essa relevância se reflete não apenas no tradicional lobby com atores políticos, mas também em outros ambientes das vidas pública e social – entre eles e (talvez mais importante), a sala de aula.

A Bloomberg mostrou como a indústria fóssil vem atuando para influenciar o conteúdo sobre o clima ensinado nas escolas. Em Oklahoma, por exemplo, as crianças aprendem sobre petróleo com o cartoon Petro Pete, criado por uma associação setorial de empresas de petróleo e gás do estado. Em outros estados, como Ohio e Nova Jersey, os alunos são ensinados sobre as “maravilhas” do petróleo e os impactos ambientais “reduzidos” desse combustível. “Há décadas, grupos da indústria reconheceram o valor das salas de aula para propaganda e marketing”, afirmou à reportagem Carroll Muffett, CEO do Center for International Environmental Law. “É onde você molda a compreensão de alguém sobre seu produto, sua empresa e seus problemas. Em um contexto escolar, você está moldando sua compreensão do mundo”.

Em tempo:  Falando em sala de aulas, a Bloomberg também abordou como o ensino sobre clima nas escolas chinesas tem se refletido não apenas nas mudanças recentes nas prioridades econômicas do país, mas também servido como veículo para promover a imagem e o prestígio do presidente Xi Jinping – e solapar qualquer possibilidade de dissenso entre os chineses. Nos livros didáticos, o conteúdo oficial se coloca em um equilíbrio tênue entre a importância da ação individual das pessoas contra o aquecimento global e a negação de qualquer relevância política de sua participação no processo decisório em torno do tema.

 

ClimaInfo, 9 de fevereiro de 2021.

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